O CRISTIANISMO E A MODERNIDADE: O aborto é contra as mulheres!
Fiquei aterrorizado com a decisão da justiça francesa com respeito ao aborto. Nada justifica um ato insano desses, mesmo em se tratando de um dos países mais ateus do mundo como a França. Indignado, quero demonstrar por que o aborto é moralmente injustificável, além de desconstruir algumas falácias históricas que os pró-abortistas não se cansam de propagar. O que percebo, de antemão, em países e pessoas com esta mentalidade, é um preconceito anticristão que chega a assustar, uma militância antirreligiosa que aceitaria de bom grado a tarefa de eliminar os católicos e os evangélicos em nome de sua moribunda ideologia marxista. Por que, então, os fetos não poderiam pagar por isso, não é mesmo? Uma das teses mais divulgadas é que “o aborto é expressão da libertação das mulheres”, frase dita com muito entusiasmo até por uma ex-ministra em dias sombrios bem próximos. Vejamos.
Percorramos os inícios do cristianismo, a fim de verificar esta pérola de afirmativa. Por volta do I e II séculos, havia em Roma cento e trinta e um homens para cada cem mulheres e cento e quarenta para cada cem na Itália, na Ásia Menor e na África. Esse número era devido ao fato de que o infanticídio de meninas e meninos deficientes era moralmente aceitável e praticado em todas as classes. Com a chegada do cristianismo, Cristo santificou o corpo, fazendo-o bendito, porque morada do Espírito Santo, cuja imortalidade já havia sido declarada pelos gregos. Com Jesus, o ser humano agora independe de qualquer condição ou qualidade prévia para integrar a irmandade universal. Ele é criado à imagem e semelhança de Deus. As mulheres, por razões muito práticas e culturais de sua época, gostaram. O casamento cristão, que é indissolúvel, tem agora as obrigações do marido semelhantes ao da mulher. A unidade da família era garantida com a proibição do divórcio, do incesto, da infidelidade conjugal, da poligamia e do aborto, sendo esta a principal causa da morte de mulheres em idade fértil. O discurso e a tese dos defensores do aborto e do feminismo radical se voltam contra as benditas interdições cristãs que auxiliaram a formar a família, a propagar a fé e a proteger as mulheres da sujeição, vergonha e morte.
Segundo, nos primórdios do cristianismo, a fé se espalhou pelas cidades. Para comprovar isso basta ler os Atos dos Apóstolos e observar a estratégia do apóstolo Paulo em pregar nas grandes cidades conhecidas de sua época. Um caso, contudo, ilustra bem o motivo de tal avanço. Entre 165 e 180 d.C. a peste matou no curso de quinze anos praticamente um terço da população do império Romano, incluindo o imperador Marco Aurélio. Outra epidemia, em 251 d.C., provavelmente de sarampo, também matou muitos. Contudo, a compaixão, a misericórdia e o amor ao próximo dos cristãos fizeram com que a taxa de sobrevivência entre eles fosse maior que entre os pagãos. O ambiente miserável das cidades, de fato, contribuía para a pregação da fraternidade cristã universal.
O cristianismo, senhoras e senhores abortistas, em sua gênese, é a religião da solidariedade e da vida, e não da exclusão como dizem os senhores e seus lacaios. A interdição do aborto conferiu dignidade à mulher e a protegeu da humilhação e da morte, bem como todos os outros valores que constituem algumas das noções de família que vigoram até hoje. O que o cristianismo fez, dentre muitas outras coisas, foi expandir a proteção às mulheres e às crianças (seria muito bom se estas pessoas fossem estudar um pouco!). A família que hoje eles chamam de “burguesa” é na verdade a família cristã muito antes do desenvolvimento do capitalismo. O que o cristianismo fez, dentre muitas outras coisas, foi expandir a proteção às mulheres e às crianças.
Na China, por razões ideológicas, culturais e econômicas, os casais sob o controle da natalidade têm apenas um filho. Eles optam, então, por um menino e praticam o chamado aborto seletivo: “É menina? Então tira!”. Nesse particular, a China é certamente o paraíso de algumas de nossas feministas abortistas e também de muitos dos nossos psicólogos sociais, não é? A prática que se chama “libertação da mulher”, por lá serve para matar mulheres! Daí, a China moderna, de primeiro-mundo, repetir as mesmíssimas brutalidades combatidas pelo cristianismo primitivo.
Que desgraça de humanismo vigarista é esse que estabelece as precondições para que uma vida humana possa ser considerada “viável” e que celebra a morte de um bebê como se celebra a vitória de um time de futebol? Se não querem ver no corpo humano a habitação de Deus, que o considerem, ao menos, a morada do “homem”.