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O fato histórico e a fé: podemos ser amigos?


Por: Luciano Rocha Guimarães
Data: 11/07/2022
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Como é do conhecimento de alguns fiz uma inesquecível viagem a Israel. Conheci aquele belo e antigo país, onde estão localizadas cidades milenares, como Jericó e Jerusalém. Percorri suas estradas, suas cidades, seus desertos, seus vales e seus montes tão cheios de história e encantamento. Andei pelas antiqüíssimas ruas da cidade velha de Jerusalém, pelas ruínas da Fortaleza de Masada, onde o rei Herodes se refugiava, pelos campos cultivados dos kibutzim, pelas margens do rio Jordão, pelo mar da Galiléia banhando as ruínas de Cafarnaum, pelas imponentes montanhas do Sinai, pelos caminhos que Jesus percorreu da Judéia a Galiléia. Esta viagem, dentre outras reflexões, levou-me a compreender uma questão que, para muitos, têm suscitado dúvidas. A questão é a seguinte: “De que modo a fé pode realmente ser fé, se ela for estabelecida pelas descobertas históricas?”. Em outras palavras, poderá a fé ser autêntica se ela assentar-se sobre a verificação histórica, já que a fé é a entrega do homem a Deus como um todo?

Primeiramente, precisamos afirmar que a história não conduz necessariamente o homem a Deus, mesmo sendo esta história a história da operação de Deus no mundo. A fé salvadora é um dom, e sem ela nos é impossível apropriar-nos dos benefícios da obra de Cristo. Um estudo histórico preciso pode oferecer assentimento intelectual às descobertas, sem necessariamente obter com isso a fé. A teologia e a história são empreitadas intelectuais, a fé é algo além. O historiador pode andar pelas ruas de Jerusalém nas estações da via crucis, visitar o túmulo vazio, subir o Gólgota, verificando assim a historicidade dos relatos bíblicos sobre o sofrimento e a ressurreição de Cristo, e ainda assim não se render a Cristo como objeto de sua fé. “A fé é um segundo passo”, nas palavras de George Ladd. Eu diria, porém, que a fé está a um passo acima da história. Com isso, quero dizer que, embora a história não prove a realidade de minha fé, ela é essencial para aprimorar a verdadeira fé – pelo menos ao homem que se preocupa com a história. Funciona mais ou menos assim: a maior parte das pessoas vem para fé em resposta à Palavra de Deus, proclamada sem testar criticamente a historicidade dos eventos que a Palavra proclama. Mas se ele concluir que os eventos pelos quais ele creu não são históricos, torna-se difícil ver de que modo sua fé poderá se sustentar. Em outras palavras, nenhuma fé cega é fé real. A fé não pode ser um salto no escuro, como acreditava o filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard. Mas, por outro lado, se ele concluir que os mesmos eventos narrados nas Escrituras Sagradas são históricos, sua fé se sustenta e se robustece.

A decisão de aceitar Jesus Cristo como Senhor não pode ser feita sem a evidência histórica acerca de Jesus. Se houver uma decisão sem qualquer evidência histórica, esta não poderia ser a decisão a respeito do Jesus da Bíblia, mas somente a respeito de uma ideologia ou de um ideal. A história não produz a fé, mas prova um fundamento adequado para a fé.

 

Luciano Rocha Guimarães


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