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A beleza da velhice


Por: Luciano Rocha Guimarães
Data: 04/09/2023
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A velhice no ocidente tem contornos de decadência e descarte. Na maioria das vezes, os velhos não são honrados. Se o mundo é dos jovens, como diz tal jargão, não há lugar para os velhos. Mas não se esqueça de uma verdade inexorável, todos envelhecem. É a ordem natural da vida, por isso, bela.

 Assim a velhice pode ser um dos períodos mais belos da vida, tal como o crepúsculo é um dos mais belos do dia. Não se parece a velhice com o crepúsculo? Dia chegando ao fim. Tranqüilo. Nostálgico. Sereno. Lento. A velhice é o crepúsculo da vida. Hora do retorno. Os pássaros voltam aos seus ninhos. Os homens retornam de sua labuta. O sol arde ameno. Há no crepúsculo um tom de sossego. É o descanso da agitação das coisas. O crepúsculo contém todas as belezas que encontramos na velhice, dependendo de como nos relacionamos com ela.

Para ser bonita, a velhice deve ser encarada com naturalidade. Assim como o crepúsculo irá chegar, a velhice também. Portanto, não tenha medo de envelhecer. É o processo normal das coisas: nascer, crescer, envelhecer, ficar sábio e morrer. Nisto está a sua dignidade. Dignidade de conviver com os processos naturais não como um inimigo a ser derrotado, mas como um caminho a ser trilhado. A Bíblia já dizia: “Tempo de nascer, tempo de morrer; tempo de plantar, tempo para colher”. Há um tempo certo para cada coisa.

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A beleza da velhice está em sua dignidade. É quando ficamos velhos que descobrimos a fragilidade humana. As forças declinam como caem as folhas. Os respeitos diminuem. O pensamento divaga. As palavras fogem. A cabeça esquece. O corpo não responde com tanta rapidez ao comando central do cérebro. Os movimentos ficam mais lentos, mais leves, e por isso, mais bonitos. O tempo escorre mais lentamente. Somos expostos a transitoriedade de vida. A fragilidade humana exposta na velhice é remédio para a alma, pois ela auxilia a reconhecer nossa dependência de Deus.

A velhice contém uma poção mágica: ela devolve aquilo que é essencial. É somente na velhice que cultivamos o que perdemos durante toda uma vida, o tempo. Aquilo que mais falta no jovem sobra na velhice. A correria imposta pela modernidade mutila o ser humano, transformando-o num objeto de consumo. A família, a reflexão, a saudade, a conversa, a contemplação, a leitura, a oração, a refeição, o descanso, a caminhada, a reverência pela natureza, o estar a sós com Deus, e tantas outras pérolas do cotidiano se tornam agora parte integrante da velhice. A vida ganha seu real colorido.

Por isso, um conselho: faça as pazes com sua velhice. Ela veio para ficar.

Luciano Rocha Guimarães


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