Em uma feira de livros
Em 2014 eu estava em Maringá e aproveitei para ir à Universidade Estadual de Maringá (UEM), algo que era comum. Para a minha sorte, a editora da UEM, a EDUEM, estava em feira, com vários livros em promoção. Comprei excelentes obras por cinco, dez e vinte reais.
Enquanto eu andava pelas bancas, percebi que uma repórter de uma televisão local se aproximava de mim. Não deu outra: a moça perguntou se poderia me entrevistar para uma matéria sobre a feira. Eu disse que sim.
Uma vez que a reportagem não era ao vivo, fiquei mais tranquilo e a repórter perguntou:
“- Quantos livros você lê por mês?”
Não titubeei:
- A resposta é relativa. Há meses que não consigo ler um livro inteiro, há outros que leio dois. Por exemplo, os livros da EDUEM, como em sua maioria são frutos de dissertações, teses e outras pesquisas acadêmicas, são densos, e não consigo às vezes ler um por mês. Há leituras e leituras.
Percebi que a minha resposta não agradou e que a repórter, rapidamente, me despistou, indo atrás de outra pessoa que talvez dissesse: “leio dez livros por mês”.
A leitura não é uma tarefa fácil, ainda mais quando se trata de trabalhos oriundos da academia. Não raro em uma pesquisa de mestrado e doutorado em ciências humanas a pessoa só explora um livro, às vezes um capítulo apenas. Isso não significa que ela não leu vários livros para escrever a pesquisa, mas se trata de afirmar o seguinte: há obras que exigem uma leitura vagarosa, já outras, com dois olhares tudo foi lido. A repórter não sabia das particularidades da leitura – e a minha entrevista não foi ao ar.