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Consumo, produção e o Homo Dispensatio


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 08/05/2023
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A temática presente nesta nova exposição de ideias, refere-se a nossa atualidade cada vez mais e mais marcada pela produção e consumo, revelando um tipo de racionalidade vinculada à valorização de quem mais produza e, eventualmente, também para que mais se consuma. Não há até aqui, nenhuma novidade, pois afinal essa é uma prática comum ao modo como experimentamos nosso cotidiano. Há um empenho em se gerir o que eu denomino de vita capital humana. Inegavelmente, produzir e consumir o que se produz, faz inclusive parte da nossa condição de estar no mundo. 

A questão que proponho refletir e discutir, passa exatamente pela pressão de produzirmos mais e consumir mais o que produzimos. Somos cobrados a nos empenhar de tal modo, que passamos a ser medidos pelo quanto produzimos e consumimos. Estabelece-se assim a gestão de um mercado de vidas, onde os que não conseguem se encaixar nesta mecânica e racionalidade, deixando de produzir e passando a consumir menos, tornam-se dis pensáveis. Nesta situação, podem ser inclusive colocados à margem da estrutura social, sendo considerados sujeitos custosos e que precisam ser dispensados.

São sujeitos desqualificados para produzir e consumir. Tornam-se dispensáveis, descartáveis e ingeríveis. Considerados onerosos, já que não são mais empreendedores de si e consumidores em potencial, não são qualificados enquanto “cidadãos produtivos”. Desta forma, podem ser despossuídos de muitos dos seus direitos, antes assegurados, quando inseridos na dinâmica produzir e consumir. Trata-se aqui da constituição de um tipo de subjetividade muito atual, a qual denomino de homo dispensatio (SEIXAS, 2012). Uma subjetividade descartável e gerida na condição de um ônus a ser eliminado. Neste aspecto, ao trazer a exposição desta questão e convidá-los para uma rápida mas profunda reflexão, atento para como este quadro denota importantes problematizações éticas e sociais.

SEIXAS, R.L.R. – A Gestão da vida capital e a constituição do homo dispensatio. Revista Inquietude- Goiânia – vol.3, n.2, Ago. Dez- 2012.

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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