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A Cosmovisão Indígena de Natureza e a Questão Ambiental


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 26/10/2020
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Iniciaremos nossa exposição de ideias, colocando em direta discussão, a imagem do Homem enquanto supostamente o “Mestre da Natureza”. Ora! Partimos da premissa de que nós seres humanos, nos colocamos como o centro e o poder total sobre a natureza, diga-se então, controladores e donos do meio-ambiente. A ideia de cosmovisão relaciona-se com o modo que determinada cultura ou grupo constitui uma visão de mundo, a partir de seus valores e saberes. A concepção do humano mestre da natureza, apresenta-se como  uma herança do pensamento da modernidade eurocêntrica, isto é, a cosmovisão de mundo que surge na Europa entre os séculos XVII-XVIII, com o desenvolvimento da ciência moderna e que colocou o homem europeu e branco, não só como o “mestre” apto para explorar a natureza, mas também na condição de representante referente à uma cosmovisão de mundo, que prevaleceu e de certa forma, ainda se apresenta como prevalente sobre todas as outras culturas e as suas cosmovisões de mundo, visando estabelecer a verdade sobre tudo de modo universal. Não por acaso, segundo a perspectiva eurocêntrica, certas etnias são classificadas e tratadas como inferiores, por não serem percebidos enquanto constituídas por sujeitos racionais, possuidores de saberes cientificamente qualificados e que buscam localizar-se mais próximos da natureza, recusando-se a convertê-la como um mero meio para exploração predatória dos seus recursos naturais. Destacamos que o Colonialismo, processo ocorrido em sociedades como a nossa, enquanto efeito do Eurocentrismo, mantendo sua lógica na conformação do capitalismo atual, configura-se como fator marcante para a ampliação da ruptura, entre humanos e o solo, as plantas e animais em nossa atualidade. Por consequência, a cosmovisão de natureza, comum às nações indígenas em nosso país, passa a ser desvalorizada, ocultada e tenta-se inclusive destruí-la completamente. Penso que em um momento marcado por uma destruição insana e irresponsável de biomas e ecossistemas, levando ao desequilíbrio ambiental, deveríamos buscar o que Ailton Krenak nos alerta a fazer: “voltarmos a ter outra compreensão sobre nós mesmos e sobre a Terra, sobre a vida aqui na Terra”.

 

Krenak, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo.  São Paulo: Companhia das Letras, 2019.

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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