Dou início a essa expressão de ideias, expressando uma definição muito comum do termo democracia: demos, o povo e kratein, governar, esta é a etimologia em suas raízes gregas. E que ainda na contemporaneidade “a democracia é o governo pelo” e acrescentamos “para o povo”. O governo democrático representa a promoção e defesa de direitos e liberdades. Abre espaço para a pluralidade de diversidades e visões de mundo diferentes, que podem entrar em debate, discordando para se alcançar um consenso. A democracia, diferentemente do que se apregoa, passa muito pelo dissenso entre posições e ideias, para que se possa chegar a um consenso que venha a contemplar uma maioria. Só que em nossa atualidade a sombra do autoritarismo se torna cada vez mais intensa, muito talvez pela culpa da própria democracia que com certeza necessita repensar práticas, objetivos e conceitos. Indubitavelmente, o processo democrático sempre abre a esperança de algo novo e melhor, como pode ser destacado como exemplo a conflituosa e belicosa eleição norte-americana. Porém, a sombra autoritária ganha formas de disfarce e adaptação a estrutura democrática. Há situações de sociedades atuais que se torna um tanto difícil definir se esta encontra-se experenciando uma democracia mais plena ou apenas serve de disfarce para esconder a sombra de um regime autoritário que se amplia e a absorve. Apesar de todos os seus problemas e limitações, a democracia de fato permite aspirarmos pelo anseio de mais liberdade e equidade, mesmo cientes que nunca será plena. Por tal motivo, devemos nos esforçar de vencer a sombra autoritária que cresce, a partir da iluminação democrática que precisa se fortalecer e renovar.

Rogério Luís da Rocha Seixas