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A naturalização da violência: brinquedos bélicos e a formação de mentes embrutecidas


Por: Alex Fernandes França
Data: 27/07/2023
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Nosso cotidiano é repleto de situações que muitas vezes passam despercebidas, mas que, quando observadas com mais atenção, revelam aspectos perturbadores e preocupantes. Presenciei esta semana uma cena lamentável ao me deparar com um garotinho, de dentro de um carro estacionado em frente à redação deste Jornal, empunhando armas de brinquedo e apontando para outras crianças que passavam na calçada, no outro lado da rua, para deleite de seu pai que assistia, todo orgulhoso, aquele quadro. Essa cena traz à tona uma reflexão sobre a naturalização da violência e o impacto que brinquedos bélicos podem ter na formação de mentes jovens, resultando em uma crítica contundente ao papel dos pais e da sociedade nesse processo.

O uso de brinquedos bélicos não é uma novidade na sociedade atual. É comum encontrarmos estabelecimentos comerciais que comercializam armas de brinquedo, desprovidos de qualquer potencial de letalidade, porém que acabam estimulando uma cultura de violência desde a infância. Esse tipo de brinquedo é muitas vezes tratado como algo inofensivo, uma mera diversão de criança, mas é preciso questionar os efeitos psicológicos que podem desencadear em jovens mentes em formação.

O episódio relatado revela uma falha preocupante na educação e no acompanhamento dos pais em relação aos filhos. O pai que assistia orgulhoso à atitude do garotinho está perpetuando um comportamento perigoso, reforçando a ideia de que a violência é aceitável e até admirável. Cabe aos pais a responsabilidade de ensinar valores morais e éticos aos filhos, promovendo o respeito, a empatia e a compaixão, e não a violência e a agressividade.

(Foto: Ilustrativa/Freepik) - Esse tipo de brinquedo é muitas vezes tratado como algo inofensivo, uma mera diversão de criança, mas é preciso questionar os efeitos psicológicos que podem desencadear em jovens mentes em formação

Além do ambiente familiar, a sociedade como um todo também desempenha um papel significativo na formação das mentalidades infantis. A mídia, em especial, tem um poderoso impacto sobre as crianças, apresentando, muitas vezes, uma imagem romantizada da violência e de heróis que resolvem conflitos através da força. Esse tipo de narrativa pode influenciar negativamente as crianças, tornando-as mais propensas a reproduzir comportamentos violentos.

O brincar é uma parte essencial do desenvolvimento infantil, pois permite às crianças explorar o mundo e adquirir habilidades sociais e emocionais. No entanto, é fundamental que essas brincadeiras sejam saudáveis e promovam o crescimento e a aprendizagem positiva. Brinquedos bélicos, ao contrário, podem incentivar a agressividade e a resolução de conflitos de maneira inadequada, prejudicando a formação de um indivíduo empático e respeitoso.

O episódio por mim vivenciado é um alerta para a necessidade de uma reflexão profunda sobre a cultura da violência presente em nossa sociedade. O estímulo ao uso de brinquedos bélicos e a naturalização da violência devem ser combatidos, principalmente pelos pais, que tem a responsabilidade de educar seus filhos e garantir que eles cresçam em um ambiente saudável e respeitoso. Além disso, é preciso repensar nosso papel na formação das mentalidades infantis, buscando promover uma cultura de paz e empatia. Somente com ações conscientes e comprometidas poderemos construir um futuro mais humano e harmonioso para as próximas gerações.

Alex Fernandes França


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