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A ira de Deus


Por: Fernando Razente
Data: 13/02/2023
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Romanos 1.18(a): “A ira de Deus se revela do céu [...]”

Na semana passada, analisando a última parte de Romanos 1.17, conclui lembrando ao leitor que enquanto o justo é aquele que é justificado pela fé na justiça de Deus e ipso facto será salvo e viverá para sempre, o que não tem fé em Cristo, por outro lado, permanece sob a ira de Deus.

A ira de Deus não é um assunto popular. Pergunte-se: qual foi a última vez que ouviu o seu pastor ou padre pregando sobre essa doutrina? No entanto, esse atributo divino é uma doutrina bíblica fundamental para a compreensão do evangelho e da própria salvação. Estou certo de que aquele que não compreendeu a ira de Deus não compreendeu sua própria conversão (se é que aconteceu).

Paulo começa o versículo 18 de Romanos 1 declarando que “A ira de Deus se revela do céu [...]”. O que isso significa? Para entendermos precisamos analisar um paralelo semântico entre o “se revela” de Romanos 1.18 e “se revela” de Romanos 1.17(a). Nos dois textos, Paulo usa o termo ?ποκαλ?πτεται (apokalyptetai) com o sentido de algo há “[...] ser claramente demonstrado, declarado distintamente”[1] Além disso, conforme Hernandes, o verbo ?ποκαλ?πτω nos dois versículos se encontra no presente contínuo, o que signfica que trata de uma manifestação ou demonstração sem intervalo de tempo.[2]

O que isso significa? Significa que a justiça de Deus necessária ao pecador é clara e constantemente vista no evangelho de Cristo, para a salvação de todo aquele que crê, em todas as eras. No entanto, a ira de Deus também é clara e ininterruptamente demonstrada e declarada “do céu”, para a acusação e castigo das consciências depravadas.

Portanto, Deus revela sua ira, assim como revela sua justiça. Porém, precisamos lidar com um importante questionamento. Sendo a “ira” um atributo de Deus, em que sentido devemos entendê-la? Deus é um ser de pavio curto? 

Para lidar com essa questão é importante entender porque Paulo diz que é uma ira revelada “do céu”; pois o “céu” nas Escrituras é um termo que faz referência ao “[...] local da Sua habitação.”[3] Logo, não estamos falando de um atributo manchado pela natureza pecaminosa do ser humano, da Terra, mas de algo santíssimo, justíssimo e puríssimo.

“A ira de Deus”, comentou o teólogo John Stott, “[...] é, pois, quase que totalmente diferente da raiva humana. Não significa que Deus perca a calma e se enfureça, tornando-se perverso, mau ou vingativo.”[4] Antes, “[...] a sua ira é uma hostilidade santa contra o mal, é a manifestação da sua recusa em suportá-lo ou entrar em acordo com ele, é o seu justo e julgamento contra o mal.”[5]

Em outras palavras, a ira de Deus não é um desequilíbrio emocional, um juízo tomado de motivos perversos ou uma explosão de fúria cega como encontramos frequentemente em nós.[6] Na verdade, é Sua santa repulsa contra o mal, é seu desprazer contra o pecado, ou se preferir, é a reação da santidade divina à impiedade e rebelião do homem.[7] A ira de Deus é o reflexo de seu grande amor pela pureza.

Na semana que vem, se Deus permitir, veremos contra o que essa ira de Deus está sendo constantemente revelada de Sua habitação (Rm 1.18b).

Até a próxima. Que Deus te abençoe!



[1]MOUNCE, William D. Léxico Analítico do Novo Testamento Grego,  p. 106.

[2]LOPES, Hernandes Dias. Romanos: o evangelho segundo Paulo, p. 79

[3]NICODEMUS, Augustus. O Poder de Deus para a Salvação. p. 65.

[4]STOTT, John. Romanos, p. 77.

[5]Ibidem, p. 78.

[6]MURRAY, John. Romanos, p. 64.

[7]BRUCE, F. F. Romanos: introdução e comentário, p. 69

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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