Escrita: um pouco de sonhos
Meu hábito de escrever talvez seja extensão do meu gosto por conversar, ou do meu gosto por lecionar. De toda forma, ao escrever tenho o desejo de que os meus pensamentos sejam conhecidos por muitos, e não só por meus alunos.
Às vezes uma ou outra pessoa pergunta:
- Como nasceu em você o gosto pela escrita e pela leitura?
Quanto ao gosto pela leitura, o remeto à minha mãe, ávida leitora, que sempre me levou a sebos e livrarias. Quanto ao gosto pela escrita, lembro dos meus primeiros poemas serem escritos aos doze anos. Eu queria que outras pessoas soubessem o que eu pensava. Só isso – e tudo isso.
Na medida em que eu cresci e comecei a estudar na universidade, eu queria que meus textos fossem discutidos por outras pessoas, nem que fosse para ouvir: “você está no caminho errado.” E várias vezes eu ouvi que estava no caminho errado, ora por causa de um argumento ruim, ora por causa de uma incompreensão conceitual, ora porque a escrita estava ruim. Assim como nas estradas é possível fazer conversões, na escrita também.
Mas, se eu pudesse responder de forma categórica a pergunta “Por que você escreve?”, eu diria que é porque eu sonho. Sonho com um mundo mais culto, com pessoas mais críticas, com uma sociedade mais justa, com uma natureza saudável, etc. É por causa desses sonhos que coloco a minha inteligência a trabalhar, em boa parte das vezes por meio de textos. Como dizia Rubem Alves (2014, p. 7), sonhos e inteligência caminham de mãos dadas. A inteligência, por sua vez, é movida por sonhos. Minha escrita é um sonho materializado e novamente sonhado.
Dr. Felipe Figueira
Felipe Figueira é doutor em Educação e pós-doutor em História. Professor de História e Pedagogia no Instituto Federal do Paraná (IFPR) Campus Paranavaí.