Dia desses, eu estava conversando com o meu vizinho, Rafael Florindo, que também é professor, e o assunto da vez foi sobre a beleza e a dificuldade que era manter a sua árvore, uma Quaresmeira. Como de costume, as nossas conversas, que começam pontuais, e que geralmente ocorrem quando varremos as frentes das nossas casas, terminam em divagações.

A árvore do meu amigo, florida, encanta as vistas e é comum que quem passa pela nossa rua tire fotografias. É realmente de admirá-la e eu próprio faço isso, tiro fotos e mando para os conhecidos. Essa árvore é do filho mais velho do meu vizinho e é motivo de ciúmes e cuidado por todos.

Por outro lado, a mesma árvore rende um trabalho considerável, pois as suas flores, poucas ao longo ano, caem incessantemente, sujando o interior e o exterior da casa, sendo, ainda, que a sua flor tinge o piso se não for tirada com certa rapidez. Além disso, quando não há mais o florido da árvore, ela, então, derruba as suas folhas - também em um ato contínuo. A árvore, por fim, não é das que possui a melhor sombra.

Sob as perspectivas elencadas, alguém poderia pensar: “Não compensaria cortá-la e plantar uma que desse menos trabalho?” Sem dúvida que esse é um ponto de vista, e algo que o meu amigo cogita, mas, tão logo vem esse pensamento, ele cede à beleza da árvore e segue lhe tributando cuidados.

Da árvore para a vida como um todo a reflexão está pronta, afinal, também a vida tem a sua beleza e a sua dificuldade e, se não for devidamente cuidada, pode tingir o que tiver ao redor. Por causa disso deve-se tolhê-la ou transformá-la em algo comum a todos? Se for assim, a natureza perderá o brilho, e a vida, de colorida, se tornará cinzenta.