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A Perseverança dos Santos


Por: Fernando Razente
Data: 18/03/2024
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Romanos 2.7 (ARA): “(...) a vida eterna aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade;”

Na semana passada, vimos no v. 6 que Deus é recompensador de bons e maus e o critério de sua retribuição é o procedimento (obras) de cada um. Isso nos ensina que a justiça de Deus possui uma equidade distributiva. A equidade da justiça divina é vista na distribuição tanto de suas desaprovações como de seus favores, tendo em vista o comportamento humano. Hoje, nós veremos o alvo e a natureza da distribuição dos favores de Deus.

Paulo começa nos informando sobre a natureza ou o produto do favor de Deus. O autor sagrado nos diz que Deus promete: “a vida eterna” aos homens. A vida eterna é o céu; é a imortalidade do homem em ininterrupta comunhão bem-aventurada com a pessoa de Deus no Paraíso inefável. Em outras palavras, o próprio Deus promete ao homem o desfrute da sublime fonte de alegria, paz, verdade, bondade, beleza e justiça - Ele mesmo; um desfrute perpétuo (α??νιον) e íntimo com o seu Criador e Salvador!

Mas como lemos em seguida, esse favor divino tem um alvo específico. O favor é: “(...) aos que, perseverando em fazer o bem, procuram glória, honra e incorruptibilidade;”. Aqui, nós lemos as características daqueles que uma vez viveram em depravações e pecados, mas por terem sido eleitos incondicionalmente por Deus antes da fundação do mundo, por terem sido chamados eficazmente por meio do evangelho no momento determinado e, por terem recebido a fé salvífica e um novo coração por meio da morte expiatória de Cristo, são, por pura graça, capacitados a perseverar no bem. Por isso, Paulo diz que vida eterna é aos homens que estão “perseverando”, e não àqueles que apostataram.

Devemos enfatizar que essa perseverança é a fidelidade dos cristãos à Cristo que, por sua vez, é resultante da fidelidade de Cristo para com eles. Isso significa que se Cristo persevera com suas ovelhas é exatamente devido a Cristo perseverar que seu povo amado também persevera na fé e nas obras. A perseverança do amor de Cristo é que dá aos eleitos condições de perseverar!

Os cristãos calvinistas holandeses do século XVII desenvolveram um conceito para expressar essa doutrina, a qual chamaram de Perseverança dos Santos (Perseverance of the Saints). Os santos, como escrevem os teólogos reformados Boyce e Ryken, “(...) são simplesmente o povo de Deus, aqueles que Deus considera santos por meio da obra de seu Filho. A perseverança dos santos é realmente a preservação dos santos, pois sua perseverança depende da graça perseverante de Deus.” (2014, p. 38).

O termo perseverança (?πομον?ν) pode ser traduzido também como “paciência”; termo esse preferido por João Calvino que argumentava que embora a palavra perseverança capte a parte da fé que leva os crentes a não se cansarem de fazer o bem constantemente; a paciência fala daquilo que é necessário para que os mesmos crentes “(...) possam continuar firmes, embora oprimidos por várias provações.”

Afinal, não seria necessária a virtude da paciência dos fiéis se o caminho para a glória fosse pavimentado de rosas e tranquilidades. No entanto, a paciência, a perseverança, é exigida aqui como obra necessária dos eleitos de Deus para a salvação, devido a existência de “(...) inúmeros obstáculos para impedi-los e desviá-los do caminho certo”, diz Calvino.

Notamos também que essa paciência é direcionada para a prática piedosa, pois o texto paulino elenca o bem, a glória, a honra e a incorruptibilidade. Os crentes eleitos são aqueles que, por terem sido salvos pela graça, possuem o que o puritano Matthew Henry chamou de “uma ambição sagrada” que está na base de toda religião prática.

Essa ambição, diferente da ambição dos réprobos, não é por glórias humanas, honras carnais ou por fazer aquilo que uma determinada cultura diz ser bom. Antes, é uma ambição que visa “(...) a glória e a honra que são [de] aceitação imortal com Deus aqui e para sempre.”

Ou seja, os crentes eleitos não apenas tem uma noção geral do que é o bem, mas sabem perfeitamente o que é o bem com base no que Deus diz ser o bem; e, não apenas sabem, mas praticam! Além disso, os eleitos não são iludidos pela vã glória humana e as honras mesquinhas e frívolas dos pecadores, pois eles sabem que “(...) aqueles que buscam a vã glória e honra deste mundo muitas vezes sentem falta delas e ficam desapontados; mas aqueles que buscam glória e honra imortais as terão.”, declara M. Henry.

Concluindo, aprendemos com esse versículo que a vida eterna é prometida como justa retribuição divina àqueles homens que, tendo sido aceitos por Deus por meio de seu Filho, chamados eficazmente e santificados pelo seu Espírito, perseveram diariamente na fé e pacientemente continuam a praticar o bem apesar das tribulações, desejando e aspirando santamente a glória e a honra de serem concidadãos dos santos na imortalidade dos céus numa comunhão dulcíssima com a Santíssima Trindade.

Que Deus o abençoe!

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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