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Abandono: a retribuição divina contra a apostasia


Por: Fernando Razente
Data: 22/05/2023
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Romanos 1.24: “Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia, pelas concupiscências de seu próprio coração, para desonrarem o seu corpo entre si;”

Nos versículos analisados anteriormente (esp. 21-23), vimos o delineamento paulino da apostasia dos povos gentílicos, culminado em uma idolatria grosseira, uma “troca absurda”, como foi demonstrado no texto da semana passada. Hoje, veremos no versículo 24, aquilo que o comentarista John Murray descreveu como “(...) a retribuição divina contra [a] apostasia.”

No início do versículo, Paulo escreve “Por isso”, indicando que a retribuição divina tem seu fundamento em um pecado antecedente — o da idolatria — “(...) sendo uma justa punição pelos pecados cometidos", diz Murray. Isso deve nos ensinar desde já que os atos punitivos de Deus sempre operam como um julgamento reativo e contra o pecado. Deus não é arbitrário e nem tirânico em seus juízos. Não fosse o pecado humano, não haveria punição divina!

Todavia, dentro de um universo criado e regido pelo Sumo Legislador, toda ação humana, natural ou até mesmo angelical que fira sua autoridade, majestade, direito e dignidade é digna de uma retribuição justa e adequada (lembre-se dos anjos rebeldes). No caso dos homens, que retribuição Paulo menciona aqui? Essa retribuição consiste em entregar os “(...) tais homens à imundícia”, sendo imundícia caracterizada aqui por Paulo como "(...) concupiscências de seu próprio coração”.

O termo “imundícia” é um vocábulo relativamente comum nos escritos paulinos, considerando especificamente alguns textos como 2 Coríntios 12.21, Gálatas 5.19, Efésios 5.3, Colossenses 3.5 e 1 Tessalonicenses 4.7.

Todos esses textos em paralelo mostram que o vocábulo “imundícia” envolve aberração sexual, o que é reforçado pela última cláusula do versículo 24 que expressa de forma ainda mais detalhada no que consiste a tal imundícia: “(...) para desonrarem o seu corpo entre si;”. Ou seja, uma aberração que envolve o uso inadequado do corpo humano no âmbito sexual.

Em suma, neste versículo podemos aprender que o desprazer divino com o idólatra, ingrato, insensato e arrogante é expresso no fato de que Deus “(...) abandona tais pessoas a um mais intenso e agravado cultivo das concupiscências de seus próprios corações” que desemboca em formas sexuais aberrantes. Esta é, sem dúvidas, uma das piores punições divinas que o homem pecador pode sofrer.

Ser entregue a obscuridade e devassidão de seu próprio coração imundo e cheio de imoralidades, sem freios ou restrições da graça é rumar para o que há de mais tenebroso em termos de existência humana. A estrada do mal moral, já escreveu o pensador católico G. K. Chesterton (1874-1936), é uma estrada que vai para baixo e para baixo. Logo, a pior coisa que Deus pode dizer ao homem pecador é: “Seja feita a sua vontade.”

Afinal, como refletia o teólogo medieval Santo Agostinho (354-430 d.C.) em sua obra Confissões: “Com efeito, sem vós, que sou para mim mesmo, senão um guia para o abismo?”. Ao nos abandonar e nos entregar às nossas próprias escolhas e decisões manchadas pela imundícia do nosso coração pecaminoso, Deus justamente nos pune com o fruto daquilo que escolhemos cultivar, e caminhamos rumo aos abismos de nosso coração. Precisamos clamar diariamente: “Oh, Deus… tem misericórdia de nós e ilumina o nosso coração com a verdade restringindo a nossa corrupção e maldade!”

Na semana que vem, veremos mais detalhes dessa depravação que envolve a desonra corporal e sexual.

Até a próxima.

Que Deus te abençoe!

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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