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A fraternidade cristã


Por: Fernando Razente
Data: 14/11/2022
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Romanos 1.11-12: “Porque muito desejo ver-vos, a fim de repartir convosco algum dom espiritual, para que sejais confirmados, isto é, para que, em vossa companhia, reciprocamente nos confortemos por intermédio da fé mútua, vossa e minha.”

 

Na semana passada nós analisamos o trecho da oração de Paulo pelos romanos (Rm 1.9-10) e vimos o desejo do apóstolo em visitar os cristãos de Roma. Hoje, veremos mais desse anseio de Paulo por ver seus destinatários e a razão que o autor apresenta para tal desejo.

Paulo começa o versículo 11 com a conjunção causal “porque”, mostrando ao leitor que a causa dele suplicar incessantemente a Deus por uma boa ocasião de visitá-los (Rm 1.10) era o seu desejo por uma comunhão cristã, mas não um desejo fraco, pois ele escreve: “[...] muito desejo ver-vos”. Paulo estava ansiando muito por aquele momento onde poderia estar finalmente face a face com seus leitores originais.

E o que Paulo queria na presença deles? É o que o autor responde na sequência do texto: “[...] a fim de repartir convosco algum dom espiritual”. O que seria esse dom espiritual? A palavra para dom no original grego é charisma (χ?ρισμα), e neste contexto traz a ideia de uma bênção advinda do ensino ou exortação. A definição grega traz a ideia de uma bênção divina que “[...] capacita um crente a compartilhar a obra de Deus com os outros, ou seja, o serviço capacitado pelo Espírito à Igreja para realizar Seu plano para Seu povo.

Sendo assim, Paulo gostaria de compartilhar com os cristãos romanos seus ensinos e sua experiência para auxiliá-los na jornada espiritual. Seu objetivo com isso é o que ele chama de confirmação: “[...] para que sejais confirmados”. Do que se trata a confirmação?

A confirmação (στηριχθ?ναι/st?richth?nai, aoristo no passivo infinitivo) é o ato de se “assentar firmemente, permanecer inalterável, imóvel” (MOUNCE, 2013, p. 558). Ou seja, Paulo queria que através de seus ensinos espirituais — os quais não tem definição específica aqui — os cristãos de Roma pudessem ficar firmes, imóveis e inalteráveis na confissão do evangelho de Cristo.

Contudo, com essa abordagem Paulo poderia passar a impressão de que nessa relação apóstolo-comunidade somente ele tinha tudo a dar e nada a receber. Então, ele explica suas palavras anteriores com mais precisão, dando ênfase ao elemento de reciprocidade nessa relação: “[...] isto é, para que, em vossa companhia, reciprocamente nos confortamos por intermédio da fé mútua, vossa e minha.”

Paulo mostra aos leitores que tem consciência de que da mesma forma que pode dar, também necessita receber, mesmo sendo um grande apóstolo de Cristo. Como disse Stott, Paulo “[...] apesar de ser um apóstolo, não é orgulhoso demais para reconhecer sua necessidade dela [da fraternidade cristã].”

E aqui está uma bela lição: Deus usa a fraternidade cristã para abençoar tanto aquele que ensina como aquele que recebe o ensino. A fraternidade cristã, isto é, a comunhão da fé mútua entre os santos, é um dos meios pelos quais Deus usa para nos confirmar na vida espiritual. Ele faz isso através do conforto dessa comunhão.

Na semana que vem, se Deus quiser, veremos mais a respeito desse desejo de Paulo pela comunhão com os cristãos romanos.

Até a próxima.

Que Deus te abençoe!

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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