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Uma colheita espiritual


Por: Fernando Razente
Data: 21/11/2022
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Romanos 1. 13: “Porque não quero, irmãos, que ignoreis que, muitas vezes, me propus ir ter convosco (no que tenho sido, até agora, impedido), para conseguir igualmente entre vós algum fruto, como também entre os outros gentios.”

Na semana passada nós analisamos os versos 11 e 12 de Romanos 1, onde Paulo declarou seu desejo de visitar os cristãos de Roma e usufruir das bênçãos advindas da fraternidade cristã. Hoje, veremos o desejo de Paulo não apenas pela comunhão com irmãos na fé, mas por uma colheita espiritual, isto é, novos convertidos à fé cristã na capital do Império Romano (Rm 1.13).

É possível que diante de tantas declarações paulinas sobre seu amor, suas orações e seu desejo por ver os romanos, os próprios leitores se perguntassem: “E por que Paulo ainda não veio até nós? O que o impede?”. Por isso, como que adiantando esse questionamento legítimo, Paulo começa o versículo 13 dizendo: “[...] não quero, irmãos, que ignoreis que muitas vezes, me propus ir ter convosco”.

A primeira coisa que Paulo informa aos seus irmãos de Roma neste versículo é que por “muitas vezes” ele se organizou, planejou e decidiu partir até a capital do Império como um missionário aos gentios. Uma prova disso se encontra em Atos 19, ocasião em que Paulo estava na Grécia em viagem missionária.

Seu desejo naquela época era sair de Éfeso, passar pela Macedônia, indo até Jerusalém e por fim chegar em Roma: “Cumpridas estas coisas, Paulo resolveu, no seu espírito, ir a Jerusalém, passando pela Macedônia e Acaia, considerando: Depois de haver estado ali, importa-me ver também Roma.” (Atos 19.21).

No entanto, como ele mesmo escreve, seu plano, isto é, o que ele resolveu em espírito (na mente), não saiu na prática como ele planejara. Por isso, Paulo diz o seguinte sobre seus planos de ir a Roma: “[...] tenho sido, até agora, impedido.” É muito provável que esse impedimento tenha sido fruto de muito trabalho evangelístico que ele tinha para fazer, ou ainda algum outro motivo mais desconhecido para nós.

O fato é que não está claro o que o impediu, exceto que por trás dos impedimentos estava a mão secreta e providencial de Deus que é soberano sobre cada momento da história. Afinal, se o apóstolo Paulo não tivesse sido impedido, provavelmente não teríamos essa maravilhosa epístola inspirada por Deus. Isso nos ensina que quando nosso desejo não é realizado, é porque um propósito maior está em curso.

Ao fim do versículo 13, Paulo apresenta mais uma razão para visitar os romanos. Ele também deseja “[...] conseguir igualmente entre vós algum fruto, como também entre os outros gentios.” O que isso significa? Por fruto (καρπ?ς) entede-se que, metaforicamente, Paulo está se referindo ao resultado ou efeito de seu trabalho evangelístico.

Mas onde? O “entre vós” refere-se aos romanos que Paulo desejava ter comunhão e pregar o evangelho e o “entre os outros gentios”, provavelmente faz referência aos espanhóis, destino que Paulo pretendia chegar após sua passagem por Roma (Rm 15.24,28).

Paulo esperava uma recompensa de suas atividades apostólicas, mas não uma recompensa corruptível como ouro e prata, mas uma conquista para a vida eterna de novos convertidos. Paulo não desejava apenas semear, mas também colher. Ele não desejava apenas investir, mas também se deleitar na recompensa.

O apóstolo missionário desejava uma maravilhosa colheita espiritual para o Reino de Cristo, e como defende Stott, “Nada mais apropriado para o apóstolo dos gentios do que engajar-se numa colheita espiritual na capital do mundo gentílico” (2007, p. 60).

Esse desejo de Paulo está de acordo com o ensino de Jesus e essa aspiração deve encontrar-se em nós também. Jesus disse: “Quem colhe já recebe recompensa e ajunta fruto para a vida eterna [...]” (Jo 4.36). Ou seja, a recompensa de quem colhe na presente vida de seu trabalho para o Reino é como um fruto que jamais apodrece, mas será um deleite para a vida eterna. Portanto, não é de surpreender que Paulo desejasse tanto por esse fruto.

Nós também, enquanto cristãos, não devemos desejar somente a semeadura, mas também o fruto. É claro que o fruto não está no nosso controle ou poder, porém desejá-lo é totalmente legítimo e evidência onde nossas afeições estão postas.

Na semana que vem, se Deus quiser, veremos o sentimento de dívida de Paulo para com os romanos (Rm 1.14-15).

Até a próxima.

Que Deus te abençoe!

 

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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