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Obediência é a evidência da fé salvífica


Por: Fernando Razente
Data: 29/08/2022
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Romanos 1.5 (d): “[...] para a obediência por fé”

 

Na semana passada vimos a motivação do ministério de Paulo. Ele era apóstolo por amor à glória do nome de Jesus (Rm 1.5c). Hoje, nós veremos o objetivo do ministério apostólico de Paulo, que é “a obediência por fé” (Rm 1.5d). Esse termo é teologicamente riquíssimo de significado, embora seja usado apenas duas vezes em toda a Bíblia (Rm 1.5; Rm 16.26). O termo “obediência por fé” em Romanos 1.5 faz referência a Paulo como tendo recebido o apostolado para testemunhar uma vida em obediência à vontade revelada de Deus como sinal da fé pura e sincera e como testemunho do poder transformador do evangelho de Cristo.

A questão da relação e da ordem de posição entre e obediência é de suma importância para a compreensão do genuíno cristianismo e da verdadeira espiritualidade. Se errarmos neste assunto, comprometemos todo o entendimento acerca da soteriologia bíblica. Afinal, como devemos entender a relação entre fé e obediência aqui (Rm 1.5d) e à luz de todo o ensino das Sagradas Escrituras sobre esse tema?

Penso que podemos começar pelo mais básico, que é a ideia de que a pregação do evangelho de Jesus sempre exigiu e exige como resposta uma mudança radical daquele que crê em relação à lei de Deus; uma mudança da desobediência para a obediência. Foi para isso que Cristo se manifestou, para que crendo nele, o pecado fosse destruído em nós (1 Jo 3.8) e fôssemos conduzidos à uma vida de santidade.

Isso significa que o evangelho de Jesus nunca dissocia a fé das obras; antes, as duas devem estar sempre unidas na vida dos cristãos. Porém, ainda que assumamos que fé e as obras devam estar unidas, precisamos aprender sobre de que forma elas estão corretamente unidas, pois existe uma maneira correta e uma maneira incorreta de entender essa relação. Vejamos.

1.  A correta: a Bíblia nos apresenta a fé genuína como um dom da graça de Deus exclusivo dos eleitos do Senhor (Ef 2.8; Tt 1.1); fé essa que os conduz pessoalmente a Cristo e a regeneração e educação para uma vida nova de piedade (Tt 2.12). A Bíblia, neste sentido, nos mostra que na ordem da salvação (ordo salutis) no que tange sobre conversão, a fé sempre vem primeiro e que o sinal da fé verdadeira é uma vida prática de obediência, do contrário não é fé verdadeira, pois como escreve o autor sagrado: “[...] a fé, se não tiver obras, por si só está morta.” (Tg 2.17). Por isso, a primeira conclusão é que não há prova maior de fé genuína que a obediência simples e prática à Palavra de Deus. A fé genuína dos eleitos leva sempre a uma vida de obediência e essa é a primeira forma de entender a união entre fé e obras. A fé na graça de Jesus é o que move a legítima e correta obediência; é a raiz de uma nova vida de santidade e serviço ao Senhor. A fé como um dom de Deus aos seus amados eleitos sempre antecede à obediência e a ela conduz como o caminho indicado por Deus para uma vida de gratidão à salvação pela graça concedida por Cristo a nós.

2.  A incorreta: a fé nunca é um pagamento de Deus àqueles que obedecem, pois recebemos tudo de graça (1 Cor 4.7), inclusive a fé que é dom de Deus, como dito anteriormente (Ef 2.8; 2 Tess 3.2). É uma das mais graves heresias ensinar que a fé que salva é o resultado ou produto da obediência legalista à lei de Deus. Aqueles que colocam a obediência como condição para salvação (a primeira na ordem de salvação no que tange a conversão) estão em oposição ao ensino das Escrituras de que a obediência é o resultado e não a causa da fé salvadora. Se a fé viesse pela obediência à lei, não seria uma salvação pela graça mediante a fé, mas seria um pagamento de Deus ao homem pelas obras da obediência; a salvação seria uma espécie de salário divino ao homem merecedor, pois “[...] o salário daquele que trabalha não lhe é atribuído como favor, mas como dívida.” (Rm 4.4). Todavia, o verdadeiro evangelho ensina que “[...] visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado. [...] agora, sem lei, se manifestou a justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas; justiça de Deus mediante a fé em Jesus Cristo, para todos [e sobre todos] os que creem;” (Rm 3.20-22).

Em resumo, podemos sintetizar o trecho de Rm 1.5(d) e o ensino da totalidade das Escrituras sobre o tema “fé e obras”, dizendo que objetivo do ministério de Paulo era viver um bom testemunho de obediência à lei de Deus causado e orientado pela fé na graça de Jesus, e isso entre os gentios, para que os mesmos pudessem conhecer na prática o poder transformador do evangelho. Paulo — bem como todos os cristão legítimos tem sua fé em Cristo evidenciada e ratificada pelas boas obras que foram “[... ] previamente preparadas por Deus para que andássemos nelas.” (Ef 2.10) como sinal da nossa fé em Jesus. A obediência é sinal da fé salvífica. Como escreveu o puritano John Owen (1616-1683), a maneira pela qual “[...] a fé verdadeira se revela na alma e na consciência dos crentes, pelo auxílio, sustento e conforto em todos os conflitos contra o pecado, diante das aflições e tentações, é no sujeitar-se constantemente à vontade de Deus revelada na Escritura concernente à nossa santidade e obediência.” (2019, p. 55).

Até a próxima e que Deus te abençoe!

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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