O autor da epístola aos Romanos é o apóstolo Paulo, e tanto as evidências externas — as menções de Romanos nas obras de Clemente (c. 150-215 d.C.), Inácio (c. 30-88 d.C.) e Policarpo (c. 69-155 d.C.) — quanto as internas — Romanos 1.1: “Paulo…” — dão prova disso. Apesar de ser o autor, provavelmente não foi Paulo quem a redigiu; a hipótese baseada no capítulo 16, no verso 22, é que um homem chamado Tércio, companheiro do apóstolo, foi quem escreveu a epístola.

Onde Paulo estava quando ditou esta epístola? As referências internas a Febe (Rm 16.1), membro da igreja de Cencréia (12 km de Corinto) a Gaio (Rm 16.23) que foi hospedeiro de Paulo em Corinto (1 Cor 1.14) e a Erasto (Rm 16.23), indicam que a carta foi escrita na cidade grega de Corinto, durante o período em que Paulo esteve na Grécia (Atos 20.1-3); ainda assim os estudiosos divergem neste ponto, suspeitando que talvez tenha sido escrita em Éfeso. 

Quando esta epístola foi escrita? Provavelmente entre 55 e 58 no Ano do Senhor, perto do fim da terceira viagem missionária de Paulo. Naquela época, Paulo se preparava para partir de viagem até a Palestina, com uma oferta das igrejas gentílicas para os pobres cristãos da igreja de Jerusalém (Rm 15.25; Atos 19.21). 

Para quem Paulo destinou esta epístola? A epístola aos Romanos se chama assim, pois seus destinatários originais eram os membros da igreja de Roma, a cidade capital do Império Romano naquela época (Rm 1.7). A cidade, conhecida como “eterna”, possuía cerca de 1 milhão de habitantes; uma metrópole cosmopolita, centro do mundo antigo. 

Nesta cidade, havia uma igreja cristã, composta por judeus e gentios convertidos a Cristo, com um número maior de gentios. Febe, uma irmã que servia em Cencréia, recebeu a grande responsabilidade de entregar essa carta aos cristãos romanos (Rm 16.1-2). Os estudiosos dizem que é provável que a igreja de Roma tenha sido fundada por alguns convertidos no Dia de Pentecostes (Atos 2.10).

Segundo o teólogo e professor do Novo Testamento Augustus Nicodemus Lopes, “A principal hipótese levantada pelos estudiosos é que a igreja de Roma foi fundada por judeus que moravam em Roma e foram convertidos em Pentecostes, ao fazerem peregrinações a Jerusalém. A multidão, ao ouvir os cristãos falando em línguas, reconheceu os idiomas de diversas nacionalidades, mesmo dos ‘romanos que aqui residem’ (Atos 2.10).” (2019. p. 19.)

A outra hipótese é que a igreja de Roma tenha sido fundada por cristãos desconhecidos que se converteram pelo ministério evangelístico do apóstolo Paulo em outras regiões. É interessante notar que o apóstolo Pedro, comumente tipo como primeiro chefe da igreja de Roma e até hoje, segundo o catolicismo, o detentor do mais longo pontificado, não é mencionado nenhuma vez na carta aos Romanos, indicando que Pedro nunca esteve em Roma, e se esteve, não foi o fundador daquela comunidade cristã. 

Por fim, como é possível esboçar essa carta? É possível esboçar a carta em 7 blocos: 1) Prefácio e apresentação dos planos de Paulo (1.1-17); 2) A condenação de toda a raça humana (1.18 a 3.20); 3) A salvação por meio da justificação pela fé em Cristo somente (3.21 a 5.21); 4) A vida e santidade como resultado da graça (6.1 a 8.39); 5) A relação entre Israel e o Evangelho (9.1 a 11.36); 6) Orientações práticas para a igreja de Roma (12.1 a 15.33); e, por fim, 7) Saudação e orientações finais (16:1-27). No próximo texto, se Deus quiser, veremos o contexto do primeiro bloco, ou seja, o que condicionou e precedeu a escrita do prefácio e da saudação de Paulo. 

Até a próxima!

Kyrios Iesous