A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.


Um Casal Inseparável


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 09/09/2021
  • Compartilhar:

Faz um bom tempo que não comento sobre filmes nacionais nesse espaço. A pandemia que se estende, mais do que esperávamos e gostaríamos, fez com que a indústria do entretenimento desacelerasse ao redor do mundo e estagnou as produções também aqui no Brasil. Agora, com todos os setores da sociedade retomando fôlego, percebe-se que o cinema brasileiro também volta a caminhar, mesmo que com paços curtos. Essa semana me dedicarei a comentar sobre Um Casal Inesperável, uma típica comédia romântica brasileira, despretensiosa, mas engraçada na medida certa.

entre nós, tem sido bem difícil ser brasileiro ultimamente! Isso porque a realidade, que já era catastrófica por causa da pandemia, ficou ainda mais crítica com a incapacidade de uns e outros em dar um restart na economia, frear a inflação, baixar o câmbio e solucionar os problemas de desabastecimento de água e energia.  Ou seja, estamos (sobre)vivendo num verdadeiro caos e, bem por isso, nada melhor do que desligar um pouco da realidade e dar umas boas gargalhadas. Essa foi a minha principal motivação para escrever sobre esse filme. Outras estreias da semana poderiam até ser mais badaladas, como é o caso de Maligno, de James Wan, mas a vida real já tem terror de sobra, por isso, é preciso partir para algo leve.

Um Casal Inseparável esbanja leveza a ponto de quase beirar a singeleza e isso não é ruim! Eu deixei de ser perseguidor do cinema nacional para me tornar um de seus defensores por causa de filmes como esse. No final dos anos 1990 e durante a primeira década desse novo século, o cinema nacional vivia uma relação de altos e baixos, com produções que iam de um extremo a outro. Ou seja, do cult ao pastelão, passando pelos regionalismos e pela violência excessiva. Não havia uma identidade que desse respaldo para esse novo momento da sétima arte no país. Até que, discretamente, algumas comédias começaram a ganhar espaço e impor um perfil. Num primeiro momento eram mais escrachadas, mas, ainda assim, criativas. Com o declínio do gênero Comédia Romântica em Hollywood, o Brasil começou a inserir também esse elemento, o romance, em suas comédias de melhor nível e pronto, a fórmula deu certo. Exemplos disso são os aclamados Seu eu Fosse Você, S.O.S Mulheres ao Mar, Meu Passado Me Condena ou mesmo, os Homens São de Marte ... E é pra lá que eu vou.

O diretor Sérgio Goldenberg, que também escreveu o roteiro junto com George Moreira, trilhou um caminho muito seguro. Levou em consideração tudo o que esses filmes citados anteriormente fizeram de melhor e os incorporou à sua história. Bem por isso, Um Casal Inseparável não inova em nada, mas entrega ao público tudo o que ele já conhece e gosta nas comédias românticas brasileiras. Uma ambientação típica de classe média, personagens carismáticos e uma trilha sonora empolgante. Essa última característica, a trilha sonora, diga-se de passagem, é bem conhecida desses filmes e conquistam o expectador por sua memória afetiva.

Eu sempre fui crítico do “mais do mesmo”, mas tem hora que tudo o que se precisa é do bom e velho “mais do mesmo”! Por isso, o filme em questão não tem vergonha de desenvolver seus personagens, principalmente os casais, a partir de estereótipos já bem conhecidos: a mulher brava e intempestiva, que é o par prefeito do homem pacato, terno, quase passivo. Os dois casais principais do filme se constroem em cima desses pilares. Nathalia Dill e Marcos Veras impõem muito brilhantismo, eficiência e química em seus papeis. Ele tem um talento cômico nato que desponta de forma muito natural hora ou outra. Já ela, tem o domínio da trama com suas idas e vindas, tanto que é a intensidade dessa personagem que faz a história acontecer. Já o outro casal, os coadjuvantes, trazem traços de personalidade muito parecidos com as dos protagonistas, mas com um ar muito mais cômico. Interpretados por Totia Meirelles e Stepan Nercessian, os sogros roubam a cena sempre que possível. Vamos à trama!

Em Um Casal Inseparável, Manuela é uma determinada professora e musa de vôlei de praia que sempre está pronta para defender seus ideais. Ela nunca pautou sua felicidade em um relacionamento e nunca planejou se casar. Porém, um dia, inesperadamente conhece o romântico Léo, um pediatra bem-sucedido, e se apaixona. Mas circunstâncias da vida os separam. Em meio a brigas e saudades e com a ajuda da manipuladora Esther, mãe de Manuela, os dois vão descobrir se são mesmo inseparáveis.

Por que ver esse filme? Porque ao mesmo tempo que ele rouba o expectador da realidade fazendo com que se envolva na relação dos protagonistas e dê boas risadas, ele também impõe muitas pitadas de realidade, já que muita gente vai se identificar, seja com as crises de ciúmes, com os vai e vens, ou mesmo, com a sogra (risos). Com uma produção muito bem-feita, um elenco de estrelas e muito bom humor, esse filme é uma ótima pedida para quem quer deixar o tempo passar despretensiosamente e dar umas boas risadas. Boa sessão!

 

 

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
A caption for the above image.


Veja Também


smartphone

Acesse o melhor conteúdo jornalístico da região através do seu dispositivos, tablets, celulares e televisores.