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Sábios ou loucos?


Por: Fernando Razente
Data: 08/05/2023
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Romanos 1.22: “Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos (...)”

Na semana passada, analisei a parte “b” do versículo 21, de onde extraímos a doutrina do intelecto nulo da humanidade por terem se afastado do Criador com um coração ingrato. Aprendemos que quando o ser humano rejeita a glória de Deus na criação e age com ingratidão, seu coração é tomado pela escuridão do pecado e sua mente se torna totalmente inútil diante do Senhor, com pensamentos errados e fúteis.

No texto de hoje, pretendo reforçar esse estado de natureza caída da humanidade a partir da exposição do versículo 22. Uma das características do homem natural (aquele que ainda não foi regenerado pela graça de Cristo) é a ingratidão e a perda do senso de autoavaliação. Ingrato é o homem cuja vida vivida no palco de Deus não é oferecida para Deus em sua totalidade. E essa ingratidão nada mais é que o efeito de um coração soberbo e arrogante que não se avalia e pensa poder viver à parte do Senhor como se isto fosse sabedoria.

Por isso, no versículo 22, Paulo adequadamente descreve em maior detalhe o estado de degeneração e degradação em que o homem caiu ao rejeitar o conhecimento de Deus. Lemos que tais homens, “Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos (...)”. Por “inculcando-se” (φ?σκοντες) Paulo se refere à ação humana de autoafirmação. O ser humano — ao invés de buscar a sabedoria em Deus — afirma ser, com grandíssima arrogância, um genuíno “sábio” (σοφο?) sem Deus, isto é, alguém justo, correto e piedoso.

No entanto, esse suposto autoreconhecimento de sabedoria — como já vimos no versículo 21 — é falso, vazio e sem sentido, de modo que essa autoafirmação não tem a menor sustentação. Como ser sábio à parte do Criador da sabedoria? Porém, alguém poderia argumentar: mas não são verdadeiros sábios muitos ateus, agnósticos e até politeístas? Não são Sócrates, Platão e Aristóteles os grandes nomes da sabedoria antiga sem que tivessem nenhuma conexão com o Deus cristão? Aqui, faz-se necessária uma breve explicação, ou melhor, uma distinção terminológica.

Por “sábios”, Paulo não se refere a qualquer tipo de esclarecimento filosófico que o ser humano caído possa obter. Na verdade, por “sábios” Paulo se refere àquela vida constituída de conhecimento e prática coerente à luz da realidade espiritual da existência do Deus verdadeiro. É esta sabedoria que Paulo diz que a humanidade pretensamente pensa ter, quando na verdade, não a tem. O comentarista bíblico Geoffrey B. Wilson foi certeiro quando escreveu sobre esse ponto: “É fatal confundir esclarecimento filosófico com iluminação espiritual”.

Afinal, embora Sócrates, Platão e Aristóteles fossem esclarecidos intelectualmente sobre diversos assuntos (retórica, lógica, epistemología, metafísica, ontologia, ética, política, etc.) todos eles falharam em conceber o caminho verdadeiro da salvação humana e nem se quer mencionaram a necessidade de regeneração espiritual.

Por fim, perceba o paradoxo apresentado por Paulo no verso 22: o homem natural, ao se afirmar um legítimo sábio se tornou, na realidade, um louco (?μωρ?νθησαν), isto é, um simplório, um inútil e insípido. Ao reivindicarem sabedoria própria sem a verdadeira sabedoria, tais homens, na realidade, se tornam insensatos, pois se trata de uma sabedoria que não tem consistência.

Francamente, o que você diria sobre o estado mental de um analfabeto que se gaba de ter lido 100 livros no ano? Pois bem, não é diferente o estado espiritual daquele que se diz sábio, mas não tem o conhecimento relacional e experiencial com o verdadeiro Deus. É um louco!

Na semana que vem veremos como essa falta de autoavaliação e presunção de sabedoria desemboca nas formas mais grosseiras de idolatria. Afinal, a idolatria é filha da loucura!

Até a próxima. Que Deus te abençoe!

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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