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O Fariseu de Cristo


Por: Fernando Razente
Data: 30/05/2022
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Romanos 1.1(f): “...separado para…”

 Paulo continua apresentando suas credenciais aos romanos. De forma breve, vimos nos artigos anteriores a história de Paulo, aquele que foi transformado radicalmente por Deus e tornou-se em escravo do Rei Jesus, sendo chamado eficazmente para representar o Senhor no ministério apostólico.

Agora, Paulo está prestes a falar pela primeira vez do evangelho e para tanto, o autor parece querer conectar o evangelho com um momento de sua história: sua adesão ao farisaísmo. Antes de compreendermos o jogo de palavras contido aqui nessa porção (Rm 1.1f), considere comigo brevemente a história do farisaísmo.

O termo “fariseu” surgiu cerca de 250 a 300 a.C. durante a famosa Guerra dos Macabeus, uma revolta política e bélica feita pelos judeus contra a imposição de culturas estrangeiras sobre seus costumes e religião. Desse movimento político-religioso reacionário surgiu o grupo judeu dos hasidim ou “separados”. A palavra grega para designar esse grupo é pharisaios (fariseu).

Séculos depois, na época do ministério público de Jesus, os fariseus ficaram conhecidos como líderes religiosos orgulhosos, hipócritas e legalistas. Eram pessoas que se consideravam dignas da comunhão com Deus apesar de seus pecados ocultos e não confessados.

Antes de sua conversão a Cristo, Paulo era membro do partido dos fariseus e era um dos mais zelosos dentre eles. Paulo era um hasidim, um separado; mas, por um zelo cego e equivocado. Nós naturalmente nos separamos e nos dedicamos a muitas coisas. Durante minha adolescência, eu havia me separado dos outros para ser um atleta.

Mas, sem um coração regenerado e voltado para a glória de Deus, até mesmo essa separação básica será feita na carne, à parte da vontade do Senhor. No caso de Paulo, ele havia se separado para ser um “teólogo público” de um judaísmo carnal, mas essa separação precisava ser redimida e corrigida. Foi isso que o evangelho de Deus fez e é exatamente isso que Paulo pretende mostrar neste trecho em apreciação.

Mas, de que maneira Paulo mostra isso? Ele faz isso em Romanos 1.1, parte f, ao usar o termo aphorismenos que significa “separado”. De fato, não é possível identificar essa ênfase paulina no texto em português, mas somente no original grego. A raiz do verbo grego aphorismenos (?φωρισμ?νος) possui a mesma raiz da palavra pharisaios (Φαρισα?ου) que significa “fariseu”. Neste sentido, Paulo está fazendo um trocadilho sutil entre quem ele costuma ser com o que ele é agora em Cristo.

Note que Paulo faz esse trocadilho exatamente nesta pré-anunciação do evangelho, a fim de comunicar que como fariseu, Paulo havia se separado para a lei a fim de viver de maneira legalista, movido por um zelo carnal e sem entendimento; mas agora, o próprio Deus soberanamente o havia separado para o evangelho da graça com um zelo santificado.

A conclusão é que nesta altura do versículo 1, Paulo usa essa palavra para contrastar sua separação outrora na carne orgulhosa, para a separação que recebeu de forma graciosa no Espírito de Cristo. Ele é, em outras palavras, um fariseu (separado) de Cristo pela graça!

Sua antiga separação tinha o objetivo de proclamar uma mensagem escravizadora com base em preceitos humanos e carnais. Todavia, essa nova separação tem um objetivo diametralmente oposto: a proclamação do evangelho libertador que vem da parte de Deus.

Na próxima semana, se Deus permitir, veremos com detalhes a respeito do sentido da última parte do primeiro verso de Romanos 1: “o evangelho de Deus”.

Até a próxima!

 

 

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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