Alguns contam 112! Outros contam como sendo 117! Alguns ainda contam 122! Outros dizem que nem chegam a 100! São as contagens dos corpos abatidos nestes dias em Gaza, quando aguardavam ajuda humanitária para comer. Deste modo, penso que a estatística não pode ser o fator importante para nos orientar, pois não estamos nos referindo a meras estatísticas, números de fábrica ou cálculos midiáticos para apresentação em jornais. O essencial é que há corpos em Gaza que tombaram nesta oportunidade, quando aguardavam por comida. Corpos de homens, mulheres e crianças, em condições de sub-humanidade, devido à violência da guerra e que buscando por “ajuda humanitária”, foram mortos banalmente.

Corpos de seres humanos, que se tornam corpos-estatísticas utilizados pelos discursos beligerantes que negam e afirmam, que defendem e criticam, segundo uma retórica de propaganda que visa utilizar-se da dicotomia bem e mal, para se colocar, para se apresentar como correto e o outro o errado. Corpos entre tantos outros, abatidos na faixa de Gaza.  Surge então um questionamento: São corpos de seres humanos como nós aqui do Brasil, EUA, França etc., mas que talvez sejam menos humanos pois são palestinos? Potencialmente inimigos, párias e terroristas? Nesta condição, devem e podem ser mortos de modo radical e banal, pois se evitará males maiores para o futuro da humanidade.

Penso que independentemente de bandeiras, escudos ou denominações como Israel \Hamas, precisamos pensar e agir, de acordo com nossa responsabilidade para com o mundo e com os outros que o compartilham conosco. Agir para se buscar uma solução para mais este conflito, tão desumano quanto tantos outros. Conflito onde corpos que buscavam o que comer para tentar sobreviver, são transformados em mera estatística e se tornarem meros dados matemáticos para a discussão retórica e vazia entre os “lados opostos”.