Meu Reino por uma Vacina
Certamente os amigos que gentilmente cedem algum tempo para a leitura e reflexão a respeito dos temas colocados nesta troca de ideias, devem ter concluído que este que escreve enlouqueceu. Bem! Ainda não de todo! Permitam-me tentar expor onde pretendo chegar. Inicialmente, com o título desta matéria, estou parafraseando com todo respeito, uma célebre frase de um personagem famoso do poeta, teatrólogo e escritor inglês William Shakespeare. O personagem é Ricardo de Gloucester, que ficou conhecido como Ricardo III, que intitula uma das obras mais famosas de Shakespeare. A frase proferida na obra foi: “Meu reino por um cavalo”, quando Gloucester desesperadamente pede por um cavalo, para poder escapar, após ser derrotado em uma batalha final. Então, semelhante a Ricardo III, creio que a maioria de nós, em todos os escalões socias, desejamos escapar de uma vez por todas da ameaça da Covid-19. Contudo, diferentemente do personagem, nós desejamos a vacina não apenas para escapar, mas sim para principalmente vencer. Porém, penso que para alcançar a vitória, devemos nos livrar ou entregar os nossos reinos que nos cegam e confundem: o medo, a vaidade, a ignorância, a ideologia, a politicagem, os interesses individuais e etc. Devemos valorizar sim o reino da vida. Eu troco meus reinos pueris, individualistas e egoístas, por uma vacina que seja comprovadamente eficaz e segura, algo que já se encontra confirmado sobre algumas vacinas presentes no campo de batalha, pela chance de viver: viver o eu com os outros. Assim, não precisamos escapar, mas sim devemos enfrentar o inimigo. Tal compromisso, penso que pode visar a construção de um reino coletivo de solidariedade para constituir quem sabe, formas de convivência e sociabilidade mais saudáveis e humanizadas. Deve-se destacar ainda que Ricardo III era um tirano, que só se importava com seus desejos, interesses e ambições. Devemos sempre buscar nos libertar de qualquer tipo de tirania, mesmo que sejamos nós os tiranos de nós mesmos.
Rogério Luis da Rocha Seixas