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O aumento da violência doméstica contra pessoa idosa durante a pandemia de Covid-19 – Como identificá-la em tempos de distanciamento social?


Por: Assessoria de Imprensa
Data: 27/07/2021
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Por Maria Clara Thomazini*

Muito se fala a respeito das violências domésticas contra crianças e mulheres, mas você sabia que a violência contra idosos é extremamente corriqueira e têm se elevado no Brasil, principalmente durante as medidas restritivas de circulação proporcionadas pela pandemia de Covid-19?

Cumpre esclarecer que quando se fala em violência doméstica não somente trata-se de agressão física, mas, segundo a Organização Mundial da Saúde, contra idosos são possíveis as violências de natureza financeira, psicológica, sexual, negligenciais e entre outras, que afetam a dignidade dos longevos de maneira incisiva.

Mas em que o isolamento social, necessário para a contenção do vírus, tem a ver com o aumento da violência doméstica contra idosos? Durante a pandemia de Covid-19, os idosos, por pertencerem a grupo de risco, acabam por passar maior parte de seus dias em suas residências, convivendo intensamente com seus familiares, que também são acometidos pelo isolamento social, onde, muitas vezes, inseridos em um ambiente disfuncional, acabam por ter inúmeros conflitos que culminam nas violências mais frequentes: física, psicológica e econômica, onde os filhos, netos, parentes ou cuidadores os abusam sem medo de repressão tendo em vista as ameaças feitas ou a dependência do idoso daquele meio ou pessoas. Possuindo uma vulnerabilidade potencializada pela idade, os idosos são vítimas de agressões corriqueiras e silenciosas, de forma que segundo a Organização Mundial da Saúde, a cada seis idosos, um já sofreu ou está sofrendo algum tipo de violência no mundo (MELO et al., 2020).

Em tempos normais, os idosos possuíam uma alternativa importantíssima à coibição e cessação da violência: uma rede de apoio, que vinha a ser: sua família extensa, membros da igreja, amigos e vizinhos, que ajudavam o idoso a sair do cenário de violência, identificando a agressão injusta, colaborando na denúncia e proteção aos longevos. Ocorre que com as medidas restritivas de circulação, o idoso não possui mais contato direto com inúmeras redes de apoio, o que dificulta a denúncia e faz perpetuar a violência sofrida pelos mesmos.

Nota-se que, mesmo que haja durante a pandemia uma dificuldade de denúncia da violência contra os idosos, ainda assim as notificações aumentaram, relevando uma realidade preocupante, afinal, os números crescem ainda que exista uma subnotificação. 

Segundo levantamentos do Ministério da Mulher, da Família, dos Direitos Humanos, somente levando-se em conta os casos notificados, foi constatado que nas denúncias registradas pelo “Disque 100” no triênio de março a maio de 2020, passou-se de 3 mil em março para 8 mil em abril, e 17 mil em maio, coincidindo com os meses com maiores taxas de isolamento social, correspondendo a um crescimento de 267% e 567% durante o período (MORAES, et al., 2020).

Se você possui, portanto, um vizinho idoso, um amigo, ou um parente com idade avançada, que é cuidado por outro membro, mantenha-se atento, faça ligações constantes, visite quando possível, com segurança, mas não deixe de saber se o longevo que está a sua volta encontra-se a salvo e protegido, principalmente em período pandêmico e de isolamento social que favorece a violência doméstica.

*Maria Clara Thomazini é Mestranda em Ciências Jurídicas pelo programa de Mestrado e Doutorado da Universidade Cesumar. Pós Graduada em Docência no Ensino Superior. Graduada em Direito.

 


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