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Lúpus: quando o seu sistema imunológico se volta contra você


Por: Ana Maria dos Santos Bei Salomão
Data: 04/03/2021
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Lúpus eritematoso sistêmico ou simplesmente lúpus, não é uma doença tão rara assim, mas que poucas pessoas conhecem ou ouviram falar.

            O lúpico é um paciente muito sensitivo, e se sente incompreendido com a indiferença das pessoas, que não vê como uma doença séria. E este sentimento pode acarretar problemas psicológicos, e assim, ele além de enfrentar todos os problemas causados pela doença, ainda pode vir a desenvolver  depressão.

            Mas o que vem a ser esta doença? Lúpus é uma doença inflamatória crônica autoimune e não é contagiosa.

            O nosso sistema imunológico é, responsável pela proteção do nosso corpo contra infecções, mas de forma misteriosa, ele começa produzir anticorpos em excesso, que acaba por reconhecer nossos órgãos e tecidos como invasores externos, e começa a ataca-los, causando várias inflamações e lesões.

            Pode acometer somente a pele com manchas, principalmente no rosto em forma de asas de borboleta ou em forma discoide no corpo, chamado de Lúpus cutâneo; ou atingir vários órgãos, como a mucosa da boca, pele, o coração, o sangue, músculos e articulações, rins e pulmões, este é chamado de lúpus sistêmico. Em 50% dos casos os pacientes podem desenvolver inflamação nos rins, que se não tratado adequadamente o rim pode parar de funcionar, e o paciente pode precisar fazer diálise ou um transplante renal.

            A causa é desconhecida, mas fatores genéticos, ambientais e hormonais podem estar associados.

            O lúpico se sente sempre cansado e desanimado, tem febre constante, queda de cabelo, pressão alta, manchas pelo rosto, nuca e couro cabeludo (principalmente quando expostos ao sol), aftas na boca, ao redor das unhas elas ficam inchadas e vermelhas, dores de cabeça e ao respirar,  emagrecimento e dores nas articulações, que começam pela manhã e amenizam no início da tarde.

            Acomete mais mulheres em idade fértil do que homens. Em mulheres o lúpus pode aparecer logo na primeira menstruação e desaparecer quando elas entram na menopausa. Pois, a presença do hormônio feminino, estrogênio, é fator agravante para a doença.

            Hoje em dia, é perfeitamente possível a lúpica engravidar, mas, para isso ela deve estar em estado de remissão por pelo menos 6 meses e sem sintomas e ser acompanhada adequadamente não só por um obstetra, mas também pelo seu reumatologista.

            Outro cuidado que a mulher precisa ter é, evitar ou suspender o uso de anticoncepcionais.

            Como acomete o sistema cardiovascular é muito importante ter uma dieta saudável evitar gorduras e o álcool, diminuir o uso de sal e açúcar.

            Evitar o tabagismo é muito importante para o controle da doença.

            A atividade física regular principalmente a aeróbica, como a caminhada, ajuda a controlar a pressão, a glicose no sangue, mas também a evitar a osteoporose, trás sensação de alívio e conforto.

            O lúpico deve ter um repouso adequado e procurar dormir bem e evitar situações de estresse que pode ser um gatilho para a doença.

            Ter boa higiene para evitar infeções.

            Outro fator é a radiação solar, o lúpico não pode tomar sol, e se tomar, deve ter o cuidado de se proteger com roupas com fator de proteção, usar chapéus ou bonés, óculos escuros e nunca se esquecer de, usar protetor solar com FPS acima de 50.

            O tratamento é feito mediante as manifestações apresentadas, então ela difere de um para o outro, são usados medicações para regular o sistema imunológico tais como, anti-inflamatórios, analgésicos, corticoides (cortisona), antimaláricos e imunossupressores; que devem ser receitados e acompanhados por um reumatologista.

            Neste caso sim, o uso da cloroquina é bem vinda sendo receitada tanto nas formas leves e graves da doença, e mantida mesmo no estado de remissão da doença.

            Lúpus atualmente não mata, não tem cura, entretanto, existem tempos que o paciente se sente curado, e não têm sintomas da doença, este estado chama-se remissão, mas se, o paciente se expor a fatores agravantes, a doença é ativada. Agora se, o lúpico fizer o tratamento corretamente pode levar uma vida tranquila, praticamente normal, viver muito bem, e por vários anos.

            Ele luta pela sua saúde todos os dias, de uma forma que as pessoas não entendem. Ele não é preguiçoso e sim um guerreiro. Portanto seja solidário e compreenda o lúpico.

 

Ana Maria dos Santos Bei Salomão

Enfermeira Obstetra e Especialista em Fisiologia Humana

 

Ana Maria dos Santos Bei Salomão

Responsável pela Coluna Saúde em Pauta.


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