O feriado prolongado acabou, mas as reflexões que ele trouxe permanecem aqui e permanecerão por muito tempo... conquistar independência é uma tarefa fácil?

Se olharmos para a história do Brasil, podemos enxergar que a independência proclamada no dia 07 de setembro foi conquistada por um processo que há tempos vinha se instaurando no governo, até que em uma tomada surpreendente, porém esperada, Dom Pedro I exclamou: “Independência ou morte”. A independência ocorre quando se desfaz a ligação entre o sujeito e o objeto, ou seja, quando a autonomia e liberdade aparecem no lugar da dependência – e não necessariamente, desfazer a ligação significa cortar relação, talvez seja apenas uma manutenção. Essas relações às quais podemos nos desvencilhar podem ser familiares, amorosas, profissionais, financeiras... enfim.

Curioso é ver que Dom Pedro preferia a morte do que continuar sujeito à Portugal, quando na verdade, a independência já é morte: morte de relações, morte de ideais, morte de expectativas e idealizações, morte do antigo sujeito para o novo e assim por diante. O processo de independência depende, ironicamente, de um luto que se instala.

Quando buscamos a independência, estamos dispostos a passar pela morte do eu e nascimento do novo, mas nem sempre estamos conscientes disso. Assim como o Brasil precisou ser construído após se desligar de Portugal, nós também precisamos nos reorganizar e nos refazer quando desligados de uma dependência. Antes éramos o que ela nos permitia ser e agora somos aquilo que gostaríamos de ser ou que é necessário ser. Nessas horas insegurança bate à porta, carregando consigo uma dúvida importantíssima: “quem sou eu?”

É preciso se erguer do zero em função da liberdade. Difícil né? Foi preciso matar uma relação para que uma identidade, um povo, uma cultura se formassem e nos tornasse quem somos. Toda morte pode trazer vida e toda independência traz morte, para que haja vida.