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Atenção! Modinha ou banalização?


Por: Rhuana Moura Pacheco
Data: 04/05/2023
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Você não consegue se concentrar ou prestar atenção em alguma atividade? Se considera hiperativo ou inquieto? Acha que seu desempenho escolar/profissional está prejudicado por falta de atenção e concentração? Anda esquecido e desfocado? Te garanto que, muito provavelmente, não é TDAH.

O parágrafo acima poderia muito bem servir como uma chamada de comercial para divulgação de diagnósticos para TDAH, entretanto, não é bem assim que funciona. Desde o começo do texto de hoje, já vou alertar sobre o perigo do autodiagnóstico: não basta identificar as características apresentadas na internet ou se basear em casos próximos. É necessário um conjunto de testes, entrevistas e profissionais para que o diagnóstico de TDAH seja confirmado. Digo isso com tanto destaque e já por agora pois a automedicação, principalmente com Ritalina tem crescido e se tornado alarmante. O autodiagnóstico e automedicação não são vantajosos!

Mas afinal, psi: O que é o TDAH?

O TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade) é um transtorno do neurodesenvolvimento – que são transtornos que aparecem, geralmente, na infância, antes da idade escolar – caracterizado pela tríade: desatenção, hiperatividade e impulsividade. Ele atinge cerca de 5% a 8% da população e atinge duas vezes mais o público masculino, além de que cerca de 20% a 60% dos indivíduos com o transtorno possuem também déficits de aprendizagem. 

Se torna interessante frisar que os critérios diagnósticos previstos pelo DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) incluem diversos sinais e algumas exigências, como sintomas com recorrência de mais de seis meses e a necessidade de avaliação médica, avaliação do desenvolvimento e avaliação educacional. Todavia, existem especialistas que creem que o TDAH é superdiagnosticado, sendo necessário uma maior precisão dos critérios aplicados, ainda mais que com toda a visibilidade à qual lhe foi alcançada, é comum que haja o autodiagnóstico.

A geração atual – e me incluo nela – é marcada por imediatismo, indisciplina e acomodação, tudo isso é gerador de desfoque e desinteresse, características que são apontadas pelos leigos como sintomas do transtorno, assim como a falta de atenção, também apontada, que pode ser causada por estresse, ansiedade e depressão, não sendo um sinal de TDAH. Temos percebido um aumento nos laudos diagnósticos para TDAH e comentários como: “Ih, virou modinha...” aparecem, quando na verdade, o que tem ocorrido é a banalização do transtorno ao invés de viabilização do apoio e tratamento necessário.

É fato que ao se conhecer o transtorno, o enxergamos com mais facilidade, mas também fantasiamos muito para justificar os problemas que nos assolam ou até mesmo o autoconhecimento falho que executamos. A visibilidade para o TDAH é importante e o diagnóstico pode ser buscado quando se há dúvidas, mas o autodiagnóstico não! Procure os profissionais corretos e não se baseie no que você ouve ou vê nas redes sociais, porque desse modo você não ajuda a solucionar as questões que rodeiam o indivíduo com TDAH, mas só incentiva a banalizar o transtorno e impedir que pessoas realmente diagnosticadas se sintam respaldadas, representadas e auxiliadas no dia a dia.

Referências:

American Psychiatric Association. Manual diagnostico e estatístico de transtornos mentais: DSM-IV. Porto Alegre: Artmed, 1995.

SULKES, Stephen Brian. Transtorno de déficit de atenção/hiperatidade (TDAH, TDA). Golisano Children’s Hospital at Strong, University of Rochester School of Medicine na Dentistry, fev. 2022.

Rhuana Moura Pacheco

Habla mesmo, psi


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