Etarismo e Alteridade
Ao iniciar esta nova exposição de ideias, devo confessar que o termo Etarismo, presente no título deste artigo, não me era conhecido. Creio que muitos também o desconheciam, até o fato ocorrido com a estudante de uma universidade em Bauru, hostilizada por colegas de turma, que a consideraram “velha” demais para cursar engenharia. Sim! Considerada velha e por consequência, incapaz de se tornar uma engenheira e por este motivo, deveria estar em casa, aposentada. Esta estudante! Uma caloura por sinal! Encontra-se na casa dos 40 anos. Ora! Percebemos nesta situação, ataques contra a autoestima e integridade pessoal de alguém apresentando-se em uma condição de “ser e estar outro”, não sendo aceito por uma padronização que visa determinar qual a “idade ideal” ou “idade aceitável” para ser e viver. Sua alteridade é desrespeitada e atacada.
Porém, o que vem a ser Etarismo? Pode-se descrevê-lo então, enquanto uma forma de discriminação baseada na idealização do que seria aceitável, para se reconhecer uma pessoa segundo a sua idade. Supervaloriza-se uma noção débil do “novo” em detrimento ao que envelhece. Temos presente, na aceitação e prática do Etarismo, a ilusão do manter-se jovem e o desrespeito a fase do envelhecimento, algo natural do ciclo vital. Neste aspecto, as pessoas consideradas mais velhas, são colocadas em um plano de negatividade e inutilidade, na condição de alteridades inúteis e inapropriadas.
Assim sendo, o Etarismo representa uma forma de se tentar excluir o “outro envelhecido”, mantendo o padrão de valorização do que é novo, em detrimento do que não é mais. Tais padronizações, ocasionam atitudes agressoras contra a integridade de ser do humano, refletindo a necessidade de buscarmos respeitar e reconhecer a condição do outro, não por aquilo que aparenta, mas simplesmente pelo que é: uma pessoa; um ser humano, sendo novo ou velho.
Rogério Luís da Rocha Seixas
Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com