Nesta nova troca de ideias, apresento como tema de reflexão e discussão, um dos problemas mais complicados com o qual sempre lidamos, ao longo da história da sociedade humana: lidar com o outro ou com a alteridade. Tal tema passa por dimensões da ética, política, religião, filosofia, direito etc. Penso que em nossa atualidade, apresenta-se como questão ética e política essencial, principalmente para uma sociedade diversificada e que busca solidificar sua estruturação democrática, como na nossa sociedade.

Mas, o que significa o termo Alteridade? Partindo da língua latina, a origem do termo alteridade localiza-se na palavra alteritas, cujo radical alter significa “outro”, enquanto itas remete a “ser”, ou seja, em sua raiz, alteridade significa “ser o outro”. Significa a “propriedade do outro ou do que é diferente”, que nos interpela exatamente nesta sua condição de ser outro/alteridade. Que confronta a mesmidade com visões e leituras de mundo diferentes. Que nos interpela com seus costumes e valores diferentes. Alteridade que interpela o “eu”, que se fecha em sua indiferença, intolerância, arrogância e violência egoística. Desta forma, pode-se afirmar que a alteridade é o ato de perceber a diferença e que o “eu” deve conviver com outros.

         Segundo este aspecto, deve-se atentar que muito mais importante do que seu sentido conceitual, a alteridade traz em si, o desafio e a tarefa do exercício de uma prática ética, em colocar-se no lugar do outro, entendendo os seus temores, conflitos e angústias. Nos desafiando a tentar pensar no sofrimento do outro. Ora, no sentido mais social e político, a noção de Alteridade nos desafia a reconhecer que existem grupos, indivíduos e culturas diferentes, sendo todos merecedores de respeito em sua integridade. E muito mais do que isso, se torna necessário reconhecer o outro em seu direito de existir a partir da prática de empatia, exercendo o sentido mais pleno de alteridade. Exatamente nesse sentido, o reconhecimento da alteridade apresenta-se enquanto um passo crucial para construir-se uma sociedade democrática e mais justa, principalmente em se tratando de uma sociedade como a brasileira, que vive um momento ímpar em sua história política.