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O Racismo e a Violência Cotidiana


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 21/06/2021
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Para alguém que seja consciente de nossa realidade social, o reconhecimento do contraste entre brancos e negros em nossa sociedade é inquestionável. A existência de um racismo estrutural e naturalizado não só é concreto, mas deve ser combatido, pois uma de suas consequências nefastas é a desigualdade racial estruturada. Deve-se levar em conta que as instituições sociais são racistas. O Estado utiliza-se de práticas que levam ao extremo a desigualdade, marginalização e subalternização dos corpos racializados como não-brancos, isto é, fora dos padrões da branquitude. Corpos que são inclusive marcados não apenas pela marginalização e exclusão social, mas pela violência. Afinal, os corpos negros são alvo da violência cotidiana que marca o perfil das grandes metrópoles. As comunidades, são norteadas pela regra de que todos em geral são potencialmente inimigos, ou seja, criminosos. Enquanto tais, são desrespeitados em seus direitos mais básicos. A violência cotidiana implementada pelo Estado e os embates envolvendo as milícias e o tráfico, revela as marcas de um racismo que leva à morte de corpos negros, considerados elimináveis.

            Torna-se urgente, para a construção de uma sociedade mais equitativa, a implementação de políticas públicas que possam ser efetivas na luta antirracista e simultaneamente, visando dirimir a violência cotidiano que o racismo estrutural promove. Infelizmente, essas políticas parecem   cada vez mais distantes, pois, aqueles que deveriam implantá-las ou implementá-las são os primeiros a se valerem exatamente da vulnerabilidade causada pelo racismo, objetivando assim a manutenção do poder.  A existência do racismo é reforça a violência, associando-se também à situação de baixa renda, desemprego, acesso à educação, saúde e moradia, revelando a crueldade da falta de políticas públicas, não se promovendo a redução das desigualdades.

Destaque-se que a luta antirracista não deve ou deveria se restringir às ações de governo ou aos movimentos sociais, mas necessita da participação de todos. O compromisso com esta luta antirracista, também pode promover a diminuição das desigualdades e objetiva-se, também da violência comum que ceifa a vida tanto dos grupos etnicamente e socialmente marginalizados, como os negros, os índios e quilombolas, como também os agentes do próprio Estado. Acima de tudo, toda a sociedade precisa se engajar nesta luta, não se omitindo ou deixando tal situação apenas para os governos.

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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