Violência urbana e banalização da morte no cotidiano carioca
Quando escrevo mais este texto, para a nossa exposição de ideias, novas mortes por homicídios, aconteceram e estão acontecendo no cotidiano da assim denominada cidade maravilhosa, onde vivo. Destaco, que longe de expor e discutir uma visão pessimista ou meramente negativa da situação carioca, busco refletir de forma reflexiva, além de crítica, com referência a uma situação insuportável e cada vez mais comum, envolvendo homicídios banalizadores da vida e promotores intensos de mortes banalizadas, pois tornam-se mais e mais cotidianas, além de apresentarem um número elevado. Tal situação, apresenta exatamente uma condição comum e banal de morte violenta na cidade do Rio de Janeiro.
Um cotidiano de homicídios que ceifam vidas de seres humanos de diferentes sexos ou idades. Ou mesmo classes sociais diferentes. Obviamente, que existe uma questão referente ao status social e econômico, diferenciando as oportunidades e frequências de assassinatos, contudo a violência contra a vida na cidade onde resido, atingiu um nível que até mesmo os indivíduos possuidores de um status econômico e social mais elevado, se tornam vítimas da morte banalizada. Se constitui então, um cotidiano de mortes banalizadas, pois se tornam mais e mais cotidianas de tal modo que morrer com um tiro, se tornou exatamente uma possibilidade cada vez mais banal na capital carioca.
Situações de mortes ocorridas em conflitos, entre facções criminosas rivais ou pela ação da polícia em comunidades. Temos pessoas que são mortas no meio da rua, atingidas por balas perdidas que acabam encontrando os seus alvos. Ressalto casos recentes, como a de uma médica oficial da marinha, morta em seu local de trabalho, atingida por uma dita bala perdida, durante um conflito entre facções criminosas rivais. Observo e exponho a gravidade do problema, citando a recente invasão de uma instituição federal respeitadíssima por sua produção científica, por um grupo de criminosos, fugindo de rivais e da polícia. Os funcionários ficaram apavorados e expostos as balas perdidas. Por sinal, uma funcionária foi baleada, mas felizmente não fará parte da banalização da morte, pois conseguiu escapar.
Perante tal quadro, podemos nos questionar: O que fazer nesta situação? Como mudar tal quadro? Cobrar as autoridades, parece ser a resposta definitiva. Sim! Devemos cobrar intensivamente delas, a efetivação de ações eficazes. Mas, penso que necessitamos refletir e nos cobrar, enquanto agentes sociais e cidadãos que compõe nossa sociedade, visando atitudes e mudanças básicas urgentes e efetivas, para este momento de banalização da morte e violência corriqueira, em um contexto social e urbano, fato intensamente comum, também em outras capitais do país, porém que se destaca intensamente e urgentemente na capital carioca.
Rogério Luís da Rocha Seixas
Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com