O amor em nosso tempo presente de crise
Quando escrevo esta nova troca de ideias, utilizo no título um conceito muito aplicado para descrever o nosso tempo presente: A Noção de Crise. Por sinal, todas as dimensões ou praticamente todas as ditas dimensões da existência humana, são descritas enquanto passando por diversos ou diferentes modos de crise, mais ou menos intensa.
Ao nos remetermos à questão do Amor, apontamos que este não parece escapar de se encontrar em crise, quando verificamos em nosso Tempo Presente, a intensidade de situações repletas de ódios, medos, angústias, desesperanças e outras formas de sentimentos de desamor e desespero, cada vez mais comuns em nossas relações sociais, políticas, éticas, econômicas e pessoais. Se instalando nesta configuração de nosso tempo presente em crise, mais pessimismos, ceticismos, fanatismo e intolerâncias. Alguns apontam um tempo presente de crise niilista ou seja, marcado pela vontade de nada, expressando a crise dos valores e a forte imposição de interesses econômicos-políticos-religiosos, por parte inclusive de grupos e governos que se posicionam de modo ofensivo e intolerante contra o diferente, a diversidade e a pluralidade, colocando de lado o Amor à alteridade e à liberdade de ser.
O Amor, neste quadro de crise, aparenta possuir pouco espaço. Não faço referência à noção de amor comercializado ou banalizado em sua essência e prática. Me refiro e reflito neste texto, quanto ao sentido da origem na língua latina de Amor (AMORE): “Uma emoção ou sentimento que leva uma pessoa a desejar o bem a outra pessoa. Se expressam nesta descrição, sentimentos de afeição, preocupação, simpatia e desejo de fazer o bem a alguém”. Esta definição de Amor, envolve também o cuidado, a proximidade, o afeto, a confiança e o comprometimento entre Nós e os Outros. Eles e Nós. Eu e o Outro. Apresentando-se inclusive como um princípio ético-religioso universal em sua formulação. Assim sendo, o princípio ativo contido no conceito de Amor, se refere na prática pelo sentimento humano que mantém as pessoas conectadas e comprometidas umas com as outras.
Pode-se então, destacar que em seu sentido mais comum e ativo, o Amor representa o estabelecimento de um sentimento de desejo do bem do Eu ao Outro. Há quem defina o Amor neste aspecto, a partir do termo Ágape: “É o chamado Amor-Amizade, o tipo de Amor que está para além do simples ato ou desejo de gostar”. Penso que não basta simplesmente gostar, mas sim precisamos praticar o respeitar, o tolerar, o reconhecer, o aceitar, e o conviver visando o bem comum, não somente o bem de alguns em detrimento do mal de todos, construindo e mantendo o conviver e coexistir na pluralidade.
Temos um grande desafio, porém este é possivelmente o caminho para se tentar evitar mais guerras, intolerâncias, explorações humanas, expulsões, perseguições e genocídios. O Amor pode se tornar o princípio ativo e o agir mais efetivo, visando conter ou mesmo quem sabe, terminar com nossa situação de Tempo Presente em contínua Crise.