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A descartabilidade das vidas dispensáveis


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 05/09/2023
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Ao iniciar esta nova troca de ideias, penso que seja praticamente um consenso para muitas pessoas de que a noção da vida como um todo, e a vida humana mais especificamente, possua um valor inestimável. Contudo, devemos nos questionar, quando observamos o nosso quotidiano, se de fato tal valorização da vida humana, se faz tão concreta e verdadeira.

Inegavelmente, ao longo da nossa história, por diferentes e variados fatores, vidas foram e ainda são descartadas. A partir de práticas de violência diversas em seus exercícios e percepções, estabeleceram-se e se estabelecem visões e ações de descartabilidade, tornando a vida de muitos seres humanos, totalmente dispensável.

Quando prestamos a devida atenção às ruas e vielas de grandes centros como o da cidade do Rio de Janeiro, podemos perceber que tal descartabilidade, semelhante a um processo de fabricação próprio a uma indústria de perversidade e insensibilidade social-política-econômica, produz populações de vidas dispensáveis, sendo estas desumanizadas e marginalizadas, colocadas assim em condições de descarte.

Penso que neste momento, rejeitando coitadismos e vitimismos, devemos saber nos colocar no lugar dos outros. Destes indivíduos, jogados nas ruas e desqualificados enquanto vida útil e respeitável, condicionados como vidas inúteis e dispensáveis.

Assim sendo, penso que precisamos refletir a respeito desta situação referente a descartabilidade de vidas marginalizadas e coisificadas, visando auxiliar na sua reumanização e ressocialização, as dignificando enquanto vidas que importam.

Destaco aqui, uma tarefa fácil de ser realizada? De modo algum, pois temos que inicialmente transpor e vencer o nosso individualismo, a nossa indiferença, nossos medos e preconceitos, para darmos mais valor as vidas destes “outros qualificados como dispensáveis”. Neste aspecto, estaremos dando mais à vida do que dela levando, fato que Victor Frankl destaca: “Não pergunte o que você pode “levar” da vida, mas sim o que você pode “dar” a ela!”  Devemos então buscar fornecer toda a dignidade possível, a vida dos ditos descartáveis.

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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