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Como um breve suspiro, a gente vai embora


Por: Ana Maria dos Santos Bei Salomão
Data: 22/06/2023
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Um dia desses, ao navegar pelas redes sociais, me deparei com um poema, que me fez refletir como somos pequenos, e o quanto de tempo temos desperdiçado.

         Somos finitos, ou seja, um dia todos nós iremos falecer. E o que nós temos feito com a nossa vida? Trabalhamos demais, consumimos demais, sonhamos em adquirir bens. E quando finalmente alcançamos o objetivo, não nos satisfazemos e queremos mais e mais.

         Pagamos um preço alto pela nossa ganancia e egoísmo, nos privamos da companhia de quem nos quer bem, deixamos de viajar, não vemos nossos filhos crescerem, terceiramos para outras pessoas o cuidado para com eles, e assim não acompanhamos o desenvolvimento deles, e eles crescem, não é de admirar que eles não queiram mais a companhia dos pais, quando ficam mais maduros.

         Um dia acordamos e vemos que o tempo passou, o vigor da juventude se foi. Como um suspiro breve o tempo voa. E percebemos que o realmente importa não demos a importância devida. Adoecemos, envelhecemos e não semeamos uma vida feliz, ao contrário, colhemos infelicidade, nos tornamos pessoas amargas, depressivas, ansiosas, e doentes da alma.

         O poema que me fez pensar é do jornalista e professor Sergio Cursino, intitulado “A gente vai embora” e diz assim:

         A gente vai embora e fica tudo aqui, os planos a longo prazo e as tarefas de casa, as dívidas com o banco, as parcelas do carro novo que a gente comprou pra ter status.

         A gente vai embora sem sequer guardar as comidas na geladeira, tudo vai apodrecendo, a roupa fica no varal.

         A gente vai embora, se dissolve, a gente some, toda nossa importância se esvai, essa importância que pensávamos que tínhamos..., a vida continua, ela segue, as pessoas superam e vão seguindo suas rotinas.

         A gente vai embora, as brigas, grosserias, impaciência, infidelidade, tudo isso serviu pra nos afastar de quem só nos trazia felicidade e amor.

         A gente vai embora e o mundo continua assim, caótico, muito louco, como se a nossa presença ou ausência não fizesse a menor diferença. Aqui entre nós, não faz. Nós somos pequenos, mas nós somos arrogantes, prepotentes, metidos a besta.

         A gente vai embora. E é bem assim: Piscou, num estalo, a vida vai. O cachorro que eu amo tanto, ele é doado. O cachorro se apega aos novos donos. Os viúvos se casam de novo, eles andam de mão dadas, apaixonados e vão até ao cinema.

         A gente vai embora e nós somos rapidamente substituídos naquele cargo que a gente ocupou na empresa. Nós somos substituídos no outro dia. As coisas que nós nem emprestávamos são doadas, algumas jogadas fora.

         Quando menos a gente espera, a gente vai embora.

         Aliás, quem é que espera morrer?

         Se a gente esperasse pela morte, talvez a gente vivesse mais.

         Talvez a gente colocasse nossa melhor roupa hoje, talvez a gente comesse a sobremesa até antes do almoço.

         Talvez a gente esperasse menos dos outros. Talvez a gente risse mais, saísse à tarde para ver o pôr do sol, talvez a gente quisesse mais tempo e menos dinheiro.

         Hoje o tempo voa, amor. A partir do momento em que a gente nasce, começa essa viagem, essa jornada fantástica veloz com destino ao fim, rumo ao fim; e ainda tem aqueles que vivem com pressa! Eu tenho pressa! O que é que eu estou fazendo agora com o tempo que me resta?

         Que possamos ser cada dia melhores. Que saibamos reconhecer o que realmente importa nesta nossa breve passagem pela Terra. Só isso. Até porque, a gente vai embora. A gente vai embora”.

 

Ana Maria dos Santos Bei Salomão

Responsável pela Coluna Saúde em Pauta.


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