A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.


Sétima arte - Duna


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 21/10/2021
  • Compartilhar:

Eu confesso que gosto de vários autores de literatura de ficção científica – como, por exemplo, Douglas Adams -, mas definitivamente Frank Herbert não está nessa lista. Eu não quero dizer com isso que não gosto de sua obra, mas sempre a considerei um tanto quanto volumosa e nunca me predispus a lê-la. De qualquer forma esse autor tem, há muito tempo, uma legião de fãs ao redor do planeta e todos eles estão em polvorosa essa semana, isso porque a mais nova adaptação de sua obra acabou de estrear. Sobre Duna, você vai ficar muito bem informado.

Em geral os grandes festivais sempre acabam sendo um termômetro para filmes badalados. Duna estreou no Festival de Veneza desse ano e acabou contrariando essa tendência, isso porque os críticos e jornalistas não entraram num consenso a respeito dele. Houve quem exaltasse seu primor em relação a parte técnica, mas quem evidenciasse seus problemas profundos de roteiro. Esse fato acabou gerando mais curiosidade entre os fãs e principalmente entre todos aqueles que gostam de Ficção Científica. Bem por isso, esse filme é a melhor pedida para o fim de semana.

O público que gosta de filmes como Star Wars e Star Trek irá se identificar muito com essa obra, pois ela segue o mesmo padrão já consagrado por essas franquias. Mas, talvez, a grande diferença esteja na forma como a história se desenvolve. Tanto em Star Wars quanto em Star Trek a história é bem direta e o expectador é levado de forma rápida à resolução da problemática exposta, por outro lado, Duna é uma obra construída sobre inúmeras camadas, o que exige muito mais cuidado e atenção. Por isso, por mais que o filme, visualmente falando, remeta a essas outras obras, ele tem características muito peculiares que podem, eventualmente, frustrar o expectador.

Tanto isso é verdade, que a adaptação anterior desse livro, realizada por David Lynch em 1984, é considerada um grande fiasco de Hollywood. Tudo bem que nos anos 1980 o cinema não dispunha de toda a tecnologia para criar mundos novos e fantásticos como tem hoje, mas por favor, era David Lynch! Agora, quem está à frente do projeto é o experiente diretor Denis Villeneuve. Ele se tornou uma referência nessa área ao dirigir de maneira muito bem sucedida dois filmes recentes de ficção, A Chegada e Blade Runner 2049, ambos filmes que levam o expectador até mundos desconhecidos, intrigantes e incríveis, tudo o que Duna precisa.

Tecnicamente falando Villeneuve não desaponta, as locações são lindas, as naves espaciais são diferentes de tudo o que já foi mostrado no cinema anteriormente, os seres estranhos que surgem da areia impõem medo e os efeitos especiais convencem da melhor forma possível. Para dar ainda mais brilho a esses aspectos, a experiente profissional Jacqueline West ficou a cargo dos figurinos do filme e eu espero que ela vença o Oscar de Melhor Figurino na próxima edição, principalmente por causa dos trajes dos Fremen, com sua interessante filtragem de água.

Por outro lado, o roteiro é um problema e, é claro, isso não é novidade para ninguém, já que a obra de Frank Herbert é extremamente difícil de adaptar. O roteiro se esforça e, mesmo sendo por vezes lento, desenvolve os acontecimentos de forma com que o filme não se torne desinteressante, mas o problema está na parte final. A intenção desde o início do projeto é que a trama fosse apresentada em partes, dessa forma, apenas a primeira parte está sendo revelada em 2021. Lembra aquela sensação de história inacabada que você sentiu no final do primeiro filme da trilogia de O Senhor dos Anéis? Essa sensação está de volta! Para mais, essa divisão entre os eventos para contemplar cada parte em um filme, influencia muito o ritmo da obra, por isso tudo parece tão lento. Diante disso, é possível afirmar que uma coisa compensa a outra, o incrível visual compensa o ritmo lento.

o elenco só tem estrelas de primeira grandeza. O protagonista é o novo queridinho de Hollywood, Timtothée Chalamet, mas além dele estão no filme a talentosíssima Zendaya, Jason Momoa, Josh Brolin (ambos como escape cômico, por que será?), Oscar Isaac e Rebecca Ferguson, além de Stellan Skarsgård, como um vião pra lá de bizarro. Grandes nomes, para uma grande obra. Vamos à trama!

Duna se passa num futuro longínquo, onde o Duque Leto Atreides, com sua família, assume a administração o planeta desértico Arrakis, também conhecido como Duna. Esse lugar é a única fonte de uma especiária rara, usada para estender a vida humana, chegar a velocidade da luz e garantir poderes especiais, fonte de grande riqueza e poder para o império. Entre intrigas e traições o herdeiro da Casa Atreides, o enigmático Paul, foge apra junto dos Fremen, nativos do planeta que vivem nos cantos mais afastados do deserto.

Por que ver esse filme? O passeio no cinema para ver Duna vale a pena principalmente por causa de seu visual que é de tirar o folego. Além disso, essa é uma história que instiga curiosidade e envolvimento do começo ao fim. Mesmo que o filme pareça estranho por não ter final, ele ainda pode ser considerado um grande evento cinematográfico desse ano e vai acabar despertando a curiosidade do público para sua sequência. Aproveite o filme e boa sessão!

 Assista ao trailer:

 

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
A caption for the above image.


Veja Também


smartphone

Acesse o melhor conteúdo jornalístico da região através do seu dispositivos, tablets, celulares e televisores.