No momento que escrevo mais este texto para a exposição de ideias, a Rússia já tinha invadido a Ucrânia e a guerra ganha então seus contornos pandemônicos. Trata-se de um acontecimento que se faz no agora. Em nossos tempos pandêmicos. Por sinal, mal nos vemos livres da pandemia que ceifou e ainda ceifa muitas vidas e nos encontramos perante um conflito de proporções bastante preocupantes para todos nós. Então questiono, o que vem a ser de fato a guerra?

Karl von Clausewitz, militar prussiano, definiu a guerra como a: “continuação da política por outros meios” (CLAUSEWITZ, 1982). Embora esteja em geral correta, esta definição não é satisfatória. Principalmente em nossa atualidade, marcada por uma percepção de guerra completamente diferente se comparada à noção de guerrear em outras épocas. Penso que no caso específico desta guerra, pode-se denominá-la enquanto um conflito armado, mobilizando forças armadas e importante montante de recursos humanos e econômicos. Há neste conflito que experimentamos, a questão envolvendo ao governo de um território. Quem tem influência política sobre determinada região. Que leis ou estrutura política devem existir. Quem usufrui dos seus recursos. Até mesmo que ideias e religiões podem ser ou não permitidas. Assim, pode-se caracterizar a guerra e mais especificamente este conflito aqui mencionado, como condição de beligerância entre uma comunidade que pretende manter-se livre e autônoma da influência de outra que visa exatamente governar este território que inclusive considera como seu. Essas percebo, são características principais de uma guerra.

A questão aqui é destacar que a guerra acarreta terrível pandemônio, pois deriva do acordo entre indivíduos para fazer um mal pela agressão bélica. Arma-se a desordem que pode atingir grandes proporções, ampliando e intensificando o conflito. O pandemônio da guerra é o tumulto da paz, além da produtora insana da morte. Pode ser identificada ainda como sendo a linguagem de uma corte infernal preocupada com o poder e o conquistar, independente de quantos vidas ceifar. E mal saímos de uma pandemia que a tal condição ainda se faz atuante.

CLAUSEWITZ, K. Von. On War. London: Penguin, 1982