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Corrupção e Pandemia


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 01/09/2020
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Como normalmente faço em minha exposição de ideias, destaco a relevância ou coerência do tema, expresso no título, questionando sua validade. Então vejamos: Qual a relação entre a pandemia do Covid-19 que experimentamos e a prática da corrupção que infelizmente também estamos vivenciando? Se me permitem realizar uma analogia: são duas doenças fatais. E em nossa atualidade, observamos como a doença da corrupção entrelaça-se com o Coronavírus. Trago para nossa reflexão uma rápida noção do sentido da corrupção segundo o filósofo Aristóteles: “a corrupção designa a destruição ou degradação da substância”1. Significa não a geração ou construção de algo, mas exatamente a sua destruição. Referindo-me agora ao sentido do termo corrupção em latim corruptione, este significa a ação ou efeito de corromper; podridão, putrefação, decomposição. Ou ainda a devassidão, depravação, perversão2.   Em termos do exercício da política, expressa a falta de honestidade que acompanha o desempenho de determinadas funções administrativas que temos testemunhado com espanto e indignação, em como tem se aproveitando de outra forma de destruição: a pandemia. A gravidade da questão centra-se exatamente na desonestidade no cuidar de vidas. Colocá-las sob risco de morte, pois quando o corrupto se deixa putrefar moralmente e politicamente pelo corruptor, vidas são consequentemente lesadas em seus direitos que na situação específica na qual nos encontramos, passa pelo direito à vida, a partir dos recursos necessários para prevenir-se ou tratar-se de uma doença que lhe são negados pela ação corruptora. O espetáculo de corrupção de figuras no alto escalão administrativo, tem demonstrado que a corrupção pode se configurar como mais letal do que o Covid-19, inclusive por alimentar-se do sofrimento e vulnerabilidade dos que deveriam ser cuidados de forma digna e honesta, por parte daqueles que os governam. Deve-se acrescentar que o sujeito que se corrompe para ganhar ou lucrar em detrimento da morte ou dor do outro, não deixa de denotar um estado desordenado e patológico da consciência que o leva a exercer livremente um tipo de mal banalizado sobre a vida humana. Banalização impulsionada pela corrupção moral, que agrava nossa situação nestes tempos de pandemia.

1. ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1970. 

2. Enciclopédia Barsa Universal.

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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