O valor da Philia na atualidade
Para esta nova troca e ideias, trago a reflexão e discussão referente a um tema antigo, porém que se apresenta atualíssimo: O valor da philia ou da amizade, como se costuma traduzir do grego. Estamos então nos referindo ao valor da amizade em nossa atualidade.
Exponho então, uma definição do filósofo grego clássico Aristóteles: “O amigo ou o praticante da philia, ama o que é bom para si, na mesma medida em que deseja o bem e proporciona o prazer aos amigos” (Ética a Nicômaco,1987, VIII, 5). Aristóteles nos mostra que o praticante da philia é inicialmente amigo de si, mas na proporção em que também é amigo do outro, tornando-se para este um bem querer e um bem fazer.
Deve-se observar a noção não de algum tipo de individualismo ou egoísmo, porém a expressão da ideia de philia-amizade, enquanto uma relação de equivalência ou reciprocidade, através da qual, dois amigos que amam seu próprio bem, retribuem de modo recíproco este bem um para o outro, situando-se assim no campo entre amizade e amor um pelo outro. Denota-se neste aspecto, uma determinada relação amistosa desinteressada, não utilitária ou manipuladora, possuindo inclusive um caráter ético de amor e respeito ao outro, sentido e tratado na condição de amigo.
Nossa atualidade, encontra-se marcada por uma racionalidade instrumental, visando alcançar um fim manipulando algo ou alguém. Que em nossa prática relacional, vislumbra-se intensamente as relações econômicas e não-afetivas, esta discussão sobre philia-amizade, se aparece como ingênua, ao mesmo tempo torna-se essencial, para que possamos tratar de formas diferentes de amizade como a philia paternal, a philia filial e a philia entre amantes e companheiros. Uma relação de philia que nos leve à respeitar o outro e conviver mais em paz, amor e solidariedade, elemento importantíssimo para uma atualidade onde os conflitos se tornam cada vez mais genocidas.