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Extremos da Vaidade Humana


Por: Rogério Luís da Rocha Seixas
Data: 15/12/2020
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Contraditoriamente, pode parecer uma atitude de pura vaidade, quando proponho nesta nova exposição de ideias, uma rápida reflexão sobre a mesma. Indubitavelmente, a vaidade é uma presença constante em nossa existência, sendo interpretada como um tipo de paixão própria do modo de ser humano. No senso comum, por exemplo, caracterizamos valorativamente aos extremos a vaidade e muitas vezes a confundimos com a autoestima. Quando alguém qualificado na condição de vaidoso, encontra-se extremamente preocupado com sua aparência ou na realização de seus caprichos, sua atitude é vista comumente como negativa. Por outro, alguém que seja cioso de suas capacidades ou habilidades, como a de ser uma pessoa muito inteligente, dentro de certos limites, comporta-se, segundo o juízo comum, de modo “a valorizar sua autoestima”, demonstrando que sabe se valorizar sem excessos, pois se conhece e assim também sabe o seu lugar no mundo. Confunde-se essa com a vaidade. Todavia, diferentemente da vaidade, cultivar a autoestima é uma forma de autoconhecer-se e neste aspecto, conhecer seu lugar no mundo e não se deixar levar pelos extremos dos vícios e paixões, visando o bem viver próprio e podendo colaborar para o bem estar em comum. Segundo Clóvis de Barros Filho: "O vaidoso é sempre um ignorante de si mesmo, alguém que por não entender o seu lugar, não conhecer suas próprias competências e habilidades acaba pretendendo viver em um lugar que não lhe é devido. Isso é um vício, um equívoco existencial"(2010). Torna-se então uma atitude viciosa e prejudicial, não só para o bem estar do próprio indivíduo, que desconhece seus efeitos deletérios, mas podendo ocasionar graves prejuízos aos outros com que convive, principalmente se o sujeito vaidoso, exerce alguma função de mando ou governo sobre uma determinada comunidade. Afinal, vaidade e poder compõe uma dupla que pode ser muito perigosa, se nos deixamos dominar pela paixão da vaidade, passando a nos sentir seres onipotentes e não conhecendo os nossos limites, esquecemos de nossas responsabilidades para com a coisa pública, levando-nos à só escutar nossos desejos e ambições, visando satisfazê-los a qualquer custo. O extremo da vaidade humana, configura-se como prejudicial em qualquer exercício da atividade humana como nas artes, no meio acadêmico e no convívio cotidiano. Entretanto, quando permeia a dimensão da atividade política, torna-se uma doença que pode levar à morte da estrutura do corpo social e político. 

 

Clóvis de Barros Filho "A vida que Vale a Pena ser Vivida" (Editora Vozes, 2010)

 

Rogério Luís da Rocha Seixas

Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com


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