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Sétima Arte - Vampiros vs The Bronx


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 09/10/2020
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Outubro chegou e com ele chegou também o clima de Hallowen, pelo menos nos Estados Unidos. Mas aqui no Brasil os fãs de terror também se beneficiam desse clima de Dia das Bruxas pois as plataformas de streaming já começaram a liberar também por aqui, em terras tupiniquins, seus lançamentos para turbinar esse ar de terror. A Netflix, a mais tradicional delas, tem hábito de fazer isso e já começou a incluir muitos títulos relacionados a esse gênero entre suas séries e filmes e dentre eles o filme em destaque na coluna dessa semana. Vampiros vs The Bronx é uma comédia de terror divertida e cativante que vale a pena ser vista.

Vamos começar falando sobre o diretor, que também é um dos roteiristas da história, Osmany Rodriguez. Ele tem uma boa experiência no icônico programa de tv americano Saturday Nigth Live e na obra em questão ele aproveita muito dessa experiência e irreverência para fazer um filme que transita tranquilamente entre a aventura, o terror, o suspense e a comédia. Claramente inspirado no clássico Os Gonnies, de 1985, e em Os Aventureiros do Bairro Proibido, de 1986, ele consegue misturar crianças, uma trama sobrenatural e o risco da “gentrificação” (termo utilizado para definir as mudanças bruscas em determinada região, geralmente na periferia, quando novos edifícios ou pontos comerciais supervalorizam a região e afetam negativamente a população de baixa renda) de forma muito harmoniosa. Rodriguez aproveita sua história para construir críticas sociais e para valorizar a periferia que, tantas vezes, é mal retratada nas obras de entretenimento.

O filme teve seu início de produção em 2018, mas só agora foi adquirido pela Netflix e distribuído em escala global, o que foi muito bom, pois do contrário ele poderia ter caído no esquecimento ou ter sido visto por muito menos pessoas, dado o fato de que é uma produção modesta e que provavelmente não teria uma grande campanha de marketing ou não seria distribuído aos cinemas por um grande estúdio.

Dessa forma, Vampiros vs The Bronx pode apresentar ao mundo uma trinca de atores adolescentes de primeira, que esbanjam sintonia, companheirismo e carisma ao longo do filme. São eles que mantem o ritmo da trama e que, mesmo no pouco tempo do filme, fazem com que o público se interesse cada vez mais por suas vidas e aventuras. Dentre eles, o maior destaque vai para Jaden Michael, ele é o protagonista Miguel Martinez, também chamado pela comunidade local de “prefeitinho”, já que luta incansavelmente para a manutenção do Bronx com as pessoas que ele conhece e gosta tanto. Outro destaque é Coco Jones, interprete de Rita, que no começo tem uma participação modesta e despretensiosa, mas que cresce ao longo da trama. Além deles, Joel “The Kid Mero” Martinez também interpreta um papel muito bacana, ele é o cara bonachão, dono da vendinha da esquina, que é amigo de todos e se importa com todos. Ele é o gatilho central para o desenvolvimento da trama, pois, por mais que as coisas já acontecessem, é a partir dele que o trio de protagonistas decide enfrentar o mal sobrenatural que está tomando conta do bairro.

No caso, esse mal são um grupo de vampiros que resolveram se instalar no Bronx por ser um lugar onde ninguém se importa com as pessoas que somem, uma clara crítica social ao descaso geral para com as populações mais pobres. Por meio de uma imobiliária chamada Murnau, obviamente uma referência ao diretor de Nosferatu (a logo da imobiliária também faz esse tipo de homenagem ao ostentar a cara de Vlad, o empalador), eles buscam se apoderarem do bairro e torná-lo um refúgio para vampiros.

Interessante que essas não são as únicas referências sobre vampiros tiradas do universo pop que você irá encontrar no filme, ele está recheado, desde aparições do livro A Hora do Vampiro, de Stephen King, até trechos inteiros do filme Blade – O Caçador de Vampiros, de 1998. O que é muito legal, porque diferente de outras obras recentes, não há inovação nos vampiros, eles são clássicos, ou seja, não caminham de dia, não gostam de crucifixo, têm medo de água-benta e morrem quando empalados. Além disso, como os protagonistas são afro-americanos ou latino-americanos muito de suas tradições e culturas são incorporadas à luta contra os vampiros, com destaque para o ato, no mínimo sacrílego, de roubar uma hóstia consagrada da missa para matar um vampiro (no filme parece legal, mas não façam isso, é um péssimo exemplo e um desrespeito para a fé e o sagrado alheio).

Vamos à trama! Em Vampiros vs the Bronx, quando estranhos seres vampirescos, novos no Bronx, começam a vagar pelo local, três amigos adolescentes se reúnem para salvar seu querido bairro, lutando contra as forças sobrenaturais e contra a gentrificação planejada.

Por que ver esse filme? Porque ele está formatado no melhor estilo “Sessão da Tarde”, mesmo se passando na atualidade, ele tem um ar vintage dos anos 1980 que o equipara a outros sucessos com premissas parecidas, como, por exemplo, Stranger Things. Para mais, ele tem um ritmo excelente ao longo de seus 85 minutos e os efeitos especiais modestos não atrapalham em nada a tensão e a diversão da obra. Um filme legal para ser visto em família, com as crianças, pois ele não é assustador, mas diverte a todos com a mesma intensidade, independente de ser um filme que tem um pezinho no terror. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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