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Sétima Arte - Hebe – Estrela do Brasil e Ad Astra – Rumo às Estrelas


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 27/09/2019
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Semana cheia de boas opções no cinema. Quem se programou para relaxar no final do mês aproveitando o conforto do cinema se deu bem, pois essa semana ocorreram várias estreias e dentre elas a Coluna Sétima Arte destaca duas que são imperdíveis. Primeiro, a cinebiografia nacional Hebe – Estrela do Brasil e depois a ficção científica Ad Astra – Rumo às Estrelas. 

Vamos começar com o filme nacional. Quero começar por ele porque no atual cenário cultural brasileiro, ir ao cinema e assistir a um filme produzido em terras tupiniquins é sim um ato político e quase de subversão. Após a balbúrdia generalizada que o atual governo causou na Ancine – Agência Nacional do Cinema e do risco eminente de censura e fundamentalismo religioso na temática cultural cinematográfica do país, ir ao cinema para ver um filme de qualidade narrando a história de uma mulher, que estava à frente do seu tempo, e que bateu de frente contra a falta de liberdade e contra o monstro da censura e ditadura, no Brasil de 2019, é deveras um ato deliberadamente político.  Por isso eu aconselho a todos a verem esse filme no cinema!

Trilhando um caminho completamente diferente das últimas cinebiografias nacionais, que buscavam empurrar goela a baixo no expectador uma vida inteira em duas horas (isso aconteceu com Erasmo Carlos, Simonal, Tim Maio e outros), Hebe – Estrela do Brasil apresenta um roteiro nada convencional, fazendo jus ao estilo da apresentadora que ele pretende homenagear, que, sem dúvidas, era uma mulher exuberante e que transcendia os padrões.

Focando num período específico da vida de Hebe Camargo o roteiro, escrito com competência por Carolina Kotscho, narra os acontecimentos na vida de Hebe nos anos 1980, época em que o país estava tentando, a todo custo, desvencilhar-se do período de trevas que foi a ditadura militar. Alternando fatos da vida particular e profissional da apresentadora, a história mostra de forma coerente a humanidade e coragem dela enquanto deixa a TV Bandeirantes e migra para o SBT. Esse pequeno recorte histórico é o suficiente para dar ao expectador uma ampla visão sobre a vida, valores e ações dessa mulher singular que construiu sua história junto com a do entretenimento no Brasil.

Sobre o aspecto técnico, a direção ficou por conta de Maurício Farias, que entrega ao público um trabalho extremamente competente. Os ângulos e os enquadramentos escolhidos pelo diretor são perfeitos e ajudam a destacar o evidente talento da atriz protagonista, Andrea Beltrão. O elenco, além de contar com Beltrão - que de longe foi a melhor escolha para o papel, já que transita com singular naturalidade da comédia ao drama sem queda de qualidade -, ainda conta com um surpreendente Marco Ricca como esposo abusador e com uma série de participações especiais representando personagens populares que povoam o imaginário brasileiro. Fique atento aos atores que interpretam Silvio Santos, Dercy Gonçalves, Nair Belo e até mesmo o “rei dos especiais de natal”, Roberto Carlos, todos são ótimas adições a um filme que já surge grandioso.

Por fim, destaco o excelente trabalho de fotografia, que se adequa ao humor da protagonista, fazendo com que o expectador viva uma experiência de imersão ao longo do filme.

Vamos à trama! Hebe Camargo se consagrou como uma das apresentadoras mais emblemáticas da televisão brasileira. Sua carreira passou por diversas mudanças ao longo dos anos, mas foi durante a década de 80, no período de transição da ditadura para a democracia, que Hebe, ao 60 anos, tomou uma decisão importante. A apresentadora passou a controlar a própria carreira e, independentemente das críticas machistas, do marido ciumento e dos chefes poderosos, se revelou para o público como uma mulher extraordinária, capaz de superar qualquer crise pessoal ou profissional.

Agora serei um pouco mais econômico ao comentar sobre a outra grande estreia, que também se mostra como uma excelente opção para esse fim de semana. Ad Astra – Rumo às Estrelas, é o novo filme do diretor James Gray, um dos mais cultuados na atualidade em Hollywood. Gray não tem uma lista grande de trabalhos, mas todos os que dirigiu foram intensos e marcantes, algo que já determina muito bem o que se deve esperar a respeito de Ad Astra.

Gray, mais uma vez, aborda um conteúdo que ele conhece bem, o ato de explorar, mas tempera essa premissa com uma temática familiar claramente edipiana (ou seja, na trama um homem tem problemas como pai), dando peso a história que conta. Além de uma trama sólida, o visual também é deslumbrante, levando o expectador e cenários que vão além de nosso planeta, passando pela Lua e chegando à Marte. O elenco confere peso e qualidade ao filme, contando com Brad Pitt, Liv Tyler, Tommy Lee Jones e até mesmo Donald Sutherland, onde todos apresentam o que sabem fazer de melhor, mas onde Pitt, sem dúvida alguma rouba a cena, naquele que eu diria ser um de seus papeis mais desafiadores.

Conheça um pouco da trama do filme! Roy McBride é um engenheiro espacial que decide empreender a maior jornada de sua vida: viajar para o espaço, cruzar a galáxia e tentar descobrir o que aconteceu com seu pai, um astronauta que se perdeu há vinte anos no caminho para Netuno.

Por que ver esses filmes? O primeiro, o filme nacional, eu já deixei claro a importância de contemplá-lo no cinema ao longo do texto. Já sobre o segundo, Ad Astra – Rumo às Estrelas, deve ser visto no cinema pelo fato de ser um suspense espacial/ficção científica realmente épico, que consegue fazer algo que poucos filmes fazem, demonstrar intimismo a partir do infinito. Uma obra sensível, reflexiva, mas recheada de sequencias de ação memoráveis, uma verdadeira experiência. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
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