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Sétima Arte - Awake


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 17/06/2021
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A pandemia de COVID-19 despertou a veia criativa de muitos profissionais do entretenimento para histórias de cunho pós-apocalíptico ou embaladas por distopias. Não que esse tipo de histórias sejam uma novidade, pois sempre estiveram presentes no imaginário das pessoas e nas obras de entretenimento, mas recentemente elas se tornaram mais populares e a pandemia tornou-as muito mais plausíveis. Talvez por isso grandes estúdios, tanto do cinema quanto da TV, tenham buscado investir nesse viés. Eu não pretendo fazer nenhuma lista sobre as obras recentes desse gênero aqui, mas quero utilizar o espaço dessa semana para falar de mais um filme que tem essa premissa como base para sua história. Essa semana, você conhecerá um pouco mais sobre Awake.

Algumas coisas vão cansando aos poucos, a pandemia já passou da hora de acabar e da mesma forma os livros, séries e filmes inspirados em distopias e apocalipses também. Sobre esses últimos, senão acabar, pelo menos dar um tempo para nós, pobres mortais! Ao longo dos dois últimos anos foram muitas obras assim e as mais recentes já começaram a experimentar um desgaste do gênero, exemplo disso é o filme dessa semana, Awake.

Ele parte de uma premissa interessante, mas gira apenas em torno dela e acaba cansando demais o espectador. O filme tem ares de suspense, toques de ação e um quê de ficção científica que desperta o interesse do público num primeiro momento, mas que não mantém esse mesmo interesse ao desenrolar dos fatos. Uma pena, porque se tem algo que funciona bem no filme é a reviravolta de seu final.

Em outros tempos, antes da pandemia e quando o cinema ainda era local de entretenimento real e não de risco para o COVID, Awake teria sido aquele tipo de filme lançado diretamente para TV ou para o home vídeo. Digo isso porque é um típico filme de investimento mediano, dessa forma, dificilmente faria sucesso no cinema. Mas, em tempos de pandemia, quando os serviços de streaming estão mais vivos do que nunca, o filme acaba se tornando uma opção interessante de entretenimento numa semana morna de estreias e, por isso, angariou excelentes resultados de público na Netflix.

A direção de Awake ficou a cargo de Mark Raso, que também assina o roteiro juntamente com Gregory Poirier e Joseph Raso. Nesse sentido, tanto roteiro quanto direção contribuem para o insucesso da trama. Por exemplo, o roteiro vem de uma boa ideia, inovadora, instigante, mas não sabe como desenvolvê-la. Ao invés de explorar várias nuances dessa ideia tendo como norte um ponto de vista específico, desenvolvendo personagens e estabelecendo relações entre eles e o fato central, o roteiro busca outros caminhos. Dessa forma, são inseridos personagens de maneira descomprometida e apresentadas certas nuances e características que não colaboram em nada para o desenvolvimento da história. Além disso, é difícil se conectar com os protagonistas, de forma que o filme se torna raso (isso não é um trocadilho com o sobrenome do diretor – risos).

A direção, segue esse mesmo caminho, investindo muito em um tipo de ação desnecessária e com um ritmo muito mais rápido do que deveria para esse tipo de trama, jogando-a toda para o limbo da típica história genérica pós-apocalíptica. O diretor até tenta dar um pouco mais de tom artístico com alguns recursos de decupagem, como os pequenos plano-sequência, mas isso não salva o roteiro que beira o bizarro. Exemplo dessa bizarrice são algumas cenas completamente desnecessárias, como a sequência que se desenvolve durante a missa e aborda como temática o embate entre Religião e Ciência, completamente deslocada e sem o menor sentido e contexto na trama.

Sobre o elenco, temos alguns bons atores desperdiçados por um roteiro fraco. A protagonista Gina Rodriguez se esforça muito para entregar bem o seu papel, mas o baixo desenvolvimento da sua personagem empaca no resultado final. O mesmo acontece com Ariana Greenblatt, que tem brilhado em produções recentes com trabalhos excelentes, com, por exemplo, Amor e Monstros, mas que aqui também fica muito aquém do que pode oferecer. Vamos à trama!

Tendo um passado conturbado, Jill, uma ex-soldada, é a única pessoa na Terra que tem uma chave capaz de consertar um terrível desequilíbrio que ocorreu no planeta: após um súbito aquecimento global, ninguém mais é capaz de dormir. No entanto, a chave está sob a forma de algo muito mais valioso para a ex-soldada - sua filha. Será que ela conseguirá entregar sua própria filha em troca de salvar toda a humanidade?

 

Por que ver esse filme? Se por um lado, nas questões técnicas, o filme deixa a desejar, por outro, ele ainda serve como bom entretenimento para o público que está mais focado na ação, sem se preocupar com história e personagens. Isso justifica o sucesso do filme junto ao público brasileiro na plataforma de streaming Netflix. Como eu já havia comentado em semanas anteriores, grande parte do público gosta de uma boa ação para relaxar um pouco sem pensar muito e nesse sentido, Awake entrega o que se propõe. Por isso, se você prefere esse tipo de filme irá ter um bom bocado de entretenimento com Awake, agora se você for um pouco mais crítico quanto a roteiro e questões técnicas, melhor esperar pelo próximo lançamento. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu

 

Assista ao trailer oficial:

 

Odailson Volpe de Abreu


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