A generic square placeholder image with rounded corners in a figure.


Luca


Por: Odailson Volpe de Abreu
Data: 01/07/2021
  • Compartilhar:

Já faz alguns dias que assisti a mais recente animação da Disney/Pixar, mas acabei não comentando por um motivo ou outro. Essa semana quero aproveitar o espaço para discorrer alguns parágrafos sobre Luca, que é de longe a animação mais simples que a Pixar já fez e isso é ótimo. Seu caráter despretensioso a torna divertida, acessível e envolvente. Sobre Luca você fica muito bem informado na coluna de hoje.

Eu sempre gostei de animações, sejam elas as clássicas da Disney ou mesmo as épicas japonesas, conhecidas como animes. Como grande apreciador tenho percebido, ao longo dos anos, que cada vez mais esse tipo de arte ganha ares de grandiosidade, complexidade e seriedade. Dessa forma, aquela essência das antigas animações clássicas dos anos 1930, 1940 ou 1950 que nos acostumamos a assistir pela TV nos programas matinais foram se perdendo. Hoje em dia as animações precisam de peso, militância, complexidade, alto teor estético e roteiros infalíveis. Receita mais que aprovada para disputar um Oscar.

Mas, em Luca, o que se vê é completamente o oposto. Depois de ganhar recentemente o Oscar de Melhor Animação por Soul, a Disney/Pixar se deu ao luxo de fazer uma obra pelo simples propósito de apresentá-la ao público, dando um ar muito mais cartunesco e exalando o carisma de seus personagens em cada segundo na tela. Luca é o primeiro longa do diretor Enrico Casarosa, que havia apenas dirigido o curta La Luna, em 2011 (que aliás vale a penas ser visto, é inspirador).

O fato de Luca ser sua obra de estreia não quer dizer que ela seja um filme menor. Pelo contrário, Casarosa adquiriu grande experiência no departamento de arte desse grande estúdio ao longo dos últimos anos e isso lhe permitiu realizar uma obra extremamente intimista. Seu filme de estreia fala direto ao coração e faz o expectador recordar alguns aspectos muito importantes de sua infância, como a descoberta do mundo e as grandes amizades.

Por ser um filme menos ambicioso, Luca investe em algo que torna a obra muito prazerosa, as piadas. Para mais, o carisma de seus personagens também é um grande diferencial. É incrível como em uma hora e meia de filme, o diretor consiga fazer-nos amar cada personagem, até os mais coadjuvantes. Todos eles com um timing cômico incrível, que não diminui em nada a profundidade de suas tramas particulares e relações.

Falando em relações, chega a ser nostálgico perceber a amizade que surge entre Luca e Alberto. Quem nunca teve um melhor amigo de infância? Aquele tipo de pessoa que nos completa e que nos ajudou em muito a sermos quem somos hoje. Essa animação fala sobre isso e Luca é o completo oposto de Alberto, por isso são bons amigos, pois um complementa o outro. Enquanto Luca vive oprimido pela família super protetora, Alberto já não tem família. Enquanto Luca não conhece nada do mundo, Alberto se gaba por ser um especialista. Enquanto Luca é pura inocência, Alberto, por sua vez, aprendeu a perceber a vida do jeito que ela é. Um precisa do outro para que as melhores versões de si mesmos sejam despertas.

Interessante que essa relação bem estabelecida entra em desequilíbrio com a chegada de uma terceira pessoa e isso é o que gera o principal conflito da trama. Algo que faz refletir, mas que não complica em nada, fazendo com que o roteiro simples, mas eficaz, acabe achando uma solução bem rápida para o problema. Há quem veja isso com algo que desmereça a obra, eu diria que isso garante que ela permaneça fiel à sua proposta inicial, de ser um filme de fácil compreensão e divertido.

Além disso, outra característica que vale a pena ser destacada é o caráter visual, em tempos de pandemia, em que as pessoas não podem viajar, visitar um pequeno vilarejo na costa da Itália, mesmo pela TV, é um deleite. A construção gráfica e a paisagem do lugar permitem ao expectador uma sensação de imersão, são cores, peculiaridades, características que saltam na tela. Além disso, Luca ainda permite ao público conhecer um pouco do cotidiano desses vilarejos em meados dos anos 1950, seus costumes, seu ritmo, seus sabores. Vamos à trama!

Em Luca, acompanhamos uma história de amadurecimento sobre um jovem que vive um verão inesquecível repleto de sorvetes, massas e passeios intermináveis de scooter, ou vespa, como dizem no filme. Luca compartilha essas aventuras com seu novo melhor amigo, mas toda a diversão é ameaçada por um segredo profundamente bem guardado: eles são monstros marinhos de outro mundo, logo abaixo da superfície da água.

Por que ver esse filme? Porque é uma história que encanta de verdade, simples, singela, mas tratada com um grande carinho e com muito cuidado. Os fãs da Disney irão adorar a animação principalmente por causa de suas similaridades com o clássico A Pequena Sereia, de 1989. Divertido, colorido e nostálgico, Luca é o filme certo para toda a família num fim de semana frio como esse. Ele está disponível no serviço de streaming do Disney+, o que torna o filme ainda mais atrativo. Boa sessão!

Odailson Volpe de Abreu

Odailson Volpe de Abreu


Anuncie com Jornal Noroeste
A caption for the above image.


Veja Também


smartphone

Acesse o melhor conteúdo jornalístico da região através do seu dispositivos, tablets, celulares e televisores.