Isaque: o filho da promessa
Isaque nasceu quando seu pai, Abraão, tinha cem anos de idade, e sua mãe, Sara, noventa. A Bíblia registra com clareza esse acontecimento extraordinário: “Era Abraão da idade de cem anos, quando lhe nasceu Isaque, seu filho” (Gênesis 21.5). “Disse Sara: Deus me deu motivo de riso; e todo aquele que ouvir isso se rirá juntamente comigo. E ajuntou: Quem diria a Abraão que Sara amamentaria um filho? Pois, na sua velhice, lhe dei um filho” (Gênesis 21.6-7).
Isaque teve um meio-irmão mais velho, Ismael, filho de Abraão com Hagar, a serva egípcia de Sara: “Disse mais Sarai a Abrão: Eis que o Senhor me tem impedido de dar à luz filhos; toma, pois, a minha serva; assim me edificarei com filhos por meio dela. E Abrão anuiu ao conselho de Sarai” (Gênesis 16.2).
A infância de Isaque não é narrada em muitos detalhes, mas sabemos que ele cresceu sob a promessa divina. Um dos eventos mais marcantes de sua juventude é o episódio do sacrifício no monte Moriá, onde Deus prova a fé de Abraão pedindo-lhe que ofereça Isaque em sacrifício, o que Abraão se dispõe a fazer, mas é impedido no último momento (Gênesis 22).
Já adulto om quarenta anos, Isaque casa-se com Rebeca, filha de Betuel e parente de seu pai. A narrativa bíblica registra: “Ora, Isaque era de quarenta anos, quando tomou por esposa Rebeca, filha de Betuel, o arameu de Padã-Arã, e irmã de Labão, o arameu” (Gênesis 25.20). Rebeca concebeu gêmeos, Jacó e Esaú, após uma oração perseverante de Isaque: “Isaque orou ao Senhor por sua mulher, porque era estéril. O Senhor lhe ouviu as orações, e Rebeca, sua mulher, concebeu” (Gênesis 25.21).
No capítulo 26 de Gênesis, Deus reafirma a aliança feita com Abraão agora com Isaque, dizendo: “Eu sou o Deus de Abraão, teu pai. Não temas, porque eu sou contigo; abençoar-te-ei e multiplicarei a tua descendência por amor de Abraão, meu servo” (Gênesis 26.24). Nesse mesmo capítulo, Isaque habita na região de Gerar, entre os filisteus, onde cava poços, prospera e é respeitado por aqueles povos: “Cavaram os servos de Isaque naquele vale e acharam um poço de águas vivas” (Gênesis 26.19). “Então, Abimeleque veio a ele de Gerar, com seu amigo Ausate e Ficol, comandante do seu exército. Disse-lhes Isaque: Por que viestes a mim, pois me odiais e me expulsastes do vosso meio? Eles responderam: Vemos claramente que o Senhor é contigo” (Gênesis 26.26–28).
Quando chegou à velhice, Isaque perdeu a visão. Essa fase da vida é marcada pela narrativa da bênção equivocada que dá a Jacó, pensando tratar-se de Esaú (Gênesis 27).
Isaque viveu até os 180 anos: “Os dias de Isaque foram cento e oitenta anos. Expirou Isaque, morreu e foi reunido ao seu povo, velho e farto de dias; e Esaú e Jacó, seus filhos, o sepultaram” (Gênesis 35.28-29).
Para a teologia cristã reformada, Isaque é uma tipologia de Cristo em diversos aspectos significativos. Primeiro, como filho da promessa, nascido de modo extraordinário: assim como Isaque nasceu quando seus pais já eram idosos e humanamente incapazes (Gênesis 21.1-2), Jesus nasceu de uma virgem, por promessa divina (Lucas 1.30-35). Segundo, por sua obediência até à morte: no monte Moriá, Isaque carrega a lenha do sacrifício (Gênesis 22.6), submisso à vontade do pai, assim como Cristo carregou a cruz (João 19.17), sendo obediente até a morte (Filipenses 2.8). Terceiro, pelo sacrifício substitutivo: Deus proveu um cordeiro para substituir Isaque (Gênesis 22.13). Em Cristo, o Cordeiro de Deus (João 1.29), o sacrifício não foi evitado, mas consumado, trazendo redenção a todos os eleitos.
Assim, ao contemplarmos a vida de Isaque, vemos por meio de tipos e sombras não apenas um elo na genealogia da promessa, mas um retrato profético e simbólico do Salvador, Jesus Cristo — o Filho que verdadeiramente se entregou para salvar o seu povo.