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Educação econômica


Por: Dr. Felipe Figueira
Data: 10/07/2025
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Eu costumo dizer que fui um bom aluno ao longo de toda a minha carreira estudantil, e que, além de bom aluno, eu gostei (gosto) de estudar. Gosto tanto que não me contentei em cursar uma só graduação, cursei três, e galguei todos os níveis de titulação. Para mim tudo isso é motivo de orgulho, é o maior tesouro que possuo.

Todavia, eu possuo inúmeras lacunas formativas, uma delas relacionadas à questão econômica. Eu não sei nada de economia, de mercado de investimentos, o que me torna uma pessoa relativamente fácil para ser tapeada. Não sou de rasgar dinheiro, mas também não sou um investidor ou mesmo alguém versado em algo que traga retorno financeiro. Até hoje meus livros publicados dão provas de que mais perdi do que ganhei dinheiro.

Certa vez resolvi fazer uma aplicação em um banco. Para tanto, busquei conselhos junto a um colega e junto ao gerente do próprio banco. Como fui convencido do bom negócio, aceitei, e disciplinadamente poupei por alguns anos. Quando precisei retirar o dinheiro, o susto: perdi mais de um terço do que investi. Que prejuízo. Dizia polemicamente Brech, em “A ópera dos três vinténs”, e talvez eu possa replicar o pensamento aqui: “Nós, pequenos artesãos burgueses, que trabalhamos com o bom e velho pé-de-cabra, as modestas caixas dos pequenos comerciantes, estamos sendo engolidos pelos grandes empresários, atrás dos quais estão os bancos. O que é uma gazua comparada a uma ação ao portador? O que é o assalto a um banco comparado à fundação de um banco? O que é o assassinato de um homem, comparado com a contratação de um homem?” (BRECHT, 1992, p. 103). Não estou fazendo apologia ao roubo, mas que há diversas formas de uma pessoa ser passada para trás ou perder dinheiro além da pressão de um criminoso.

Eu dou muito valor à educação, conforme disse no início, e não sei como realizar a minha proposta na prática, já que a escola e o currículo já estão por demais inflados. Não são poucas as responsabilidades que a escola possui, eu sei, mas se a esfera da economia fosse melhor trabalhada, quem sabe algumas pessoas, a meu exemplo, não seriam tão facilmente tapeadas. Enfim, esta proposta é só uma utopia.

BRECHT, B. A ópera dos três vinténs. In: ______ Teatro completo. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992

Dr. Felipe Figueira

Felipe Figueira é doutor em Educação e pós-doutor em História. Professor de História e Pedagogia no Instituto Federal do Paraná (IFPR) Campus Paranavaí.


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