Planejar faz parte da vida e é indispensável. Definir objetivos, traçar caminhos para alcançá-los, escolher ações eficazes, fazendo sempre os ajustes necessários, são fundamentais para as complexas atividades humanas.

No entanto, os homens, constantemente, comentem um erro terrível quando fazem seus planejamentos: Esquecem-se de Deus. Não há lugar para Deus em suas agendas. Não pense que pessoas que acreditam em Deus não cometem essa transgressão. Não são poucos aqueles que professam fé em Deus, mas vivem como se ele não existisse. Chamamos isso de ateísmo prático.

Tiago, em sua Carta, alerta cristãos que cometiam esse tipo de erro. Eram negociantes que planejavam ir de um lugar para outro fazendo negócios e ganhar dinheiro (Tg 4.13). Não são culpados por isso. Não há nada de errado em trabalhar almejando prosperidade. O problema, na verdade, é que todo aquele planejamento era feito sem pensar em Deus. Não submetiam nada à vontade de Deus e, ao ignorar o Criador e Redentor, eles mostravam arrogância e soberba (v.16). Leiamos o texto bíblico para melhor entendimento:

Tiago 4.13-17: (13) Escutem, agora, vocês que dizem: “Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e faremos negócios, e teremos lucros.” (14) Vocês não sabem o que acontecerá amanhã. O que é a vida de vocês? Vocês não passam de neblina que aparece por um instante e logo se dissipa. (15) Em vez disso, deveriam dizer: “Se Deus quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.” (16) Agora, entretanto, vocês se orgulham das suas arrogantes pretensões. Todo orgulho semelhante a esse é mau. (17) Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não o faz, nisso está pecando.

O autor sagrado corrige aqueles irmãos empreendedores nos ensinando também algumas verdades fundamentais para um bom planejamento de 2022. Na verdade, são princípios tão essenciais que servem para toda a vida.

Em primeiro lugar, considere que você nada sabe sobe o amanhã – “Vocês não sabem o que acontecerá amanhã” v.14a.

A esse respeito, um sábio afirmou com precisão: “Não conte vantagem a respeito dos seus planos para o futuro, pois você não sabe o que vai acontecer amanhã.” (Provérbios 27.1). O que espera você em 2022? Reconheça: só Deus sabe. Um exemplo recente para esclarecer mais ainda: Em 11 de março de 2020, a COVID-19 foi caracterizada pela OMS como uma pandemia. Antes disso, você imaginou que passaria por uma tempestade dessas, que estaria enfrentando nesses dias uma pandemia tão terrível?  

Perceba que toda confiança em si mesmo é reduzida a nada diante dessa simples realidade: O homem nada sabe sobre o futuro, não pode vê-lo, nem controlá-lo. Mas Deus sabe, vê, e o tem sob seu controle, conforme sua vontade soberana. Sobre o amanhã, o homem pode propor, mas Deus é quem dispõe, porque nossas vidas e o futuro estão nas mãos d’Ele. A vida é incerta para nós, é verdade, porém, jamais será incerta para Deus. É sábio reconhecer isso.

Em segundo lugar, considere a brevidade da vida – “O que é a vida de vocês? Vocês não passam de neblina que aparece por um instante e logo se dissipa” v.14b.

Tiago usa uma imagem muito interessante. Ele compara a vida humana a uma neblina, que rapidamente aparece e desaparece, para nos ensinar uma verdade incômoda e facilmente verificável: A vida é frágil e passageira. O profeta Moisés diz: “...acabam-se os nossos anos como um suspiro... pois passa rapidamente, e nós voamos” (SI 90.9,10). A vida é breve!  Por isso não podemos desperdiçá-la, desprezando a Deus e vivendo na contramão da Sua vontade.

O esquecimento desse aspecto tão básico da nossa existência faz com que nossa caminhada seja arrogante e vaidosa. O orgulho é um sério pecado. Ele nos leva a tomar em nossas próprias mãos a decisão de planejar e comandar a vida à parte de Deus. “A altivez olha para a vida como um contínuo direito e não como uma misericór­dia diária” (John Alexander Motyer).

Por outro lado, homens que levam a sério a efemeridade da vida, e procuram buscar no Senhor Deus qual é o sentido e o significado de suas breves peregrinações neste mundo, fazem investimento de suas vidas na eternidade com Deus, por meio de Jesus Cristo.

 Finalmente, considere a vontade de Deus para sua jornada – “Em vez disso, deveriam dizer: “Se Deus quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.”  v.15.

Tiago nos ensina que Deus é soberano sobre nossa vida, sobre nossa agenda. Se Deus quiser, faremos isso ou aquilo. Se Ele não quiser, não faremos, nem mesmo viveremos.

Em nossos planos, ações e realizações devemos reconhecer nossa submissão a Deus. Coloque-o em primeiro lugar. Pergunte para o seu Criador como você deve investir seu curto, porém, precioso tempo e quais devem ser suas prioridades e os objetivos que verdadeiramente importam. O apóstolo Paulo ordena: “Por isso, não sejais insensatos, mas en­tendei qual seja a vontade do Senhor” (Ef 5.17). Nós devemos experimentar a vontade de Deus (Rm 12.2). A Bíblia Sagrada é lâmpada para nossos pés e luz para o nosso caminho (Salmo 119.105). Nela, o Senhor Deus revelou sua vontade para os homens, e tem tudo que precisamos saber sobre o próprio Deus, sobre nós mesmos e sobre a salvação em pela fé em Cristo Jesus.

A partir dessas considerações apresentadas por Tiago, veja quanta insensatez ignorar a vontade de Deus no planejamento da vida! Alguém já disse que “é como navegar em águas totalmente desconhecidas sem bússola, ou, ainda, como abandonar o guia que nos conduz num labirinto”. Planejamento sem Deus é totalmente perigoso. É dar as costas àquele que nos criou e nos sustenta e para o qual nossas vidas foram feitas e encontram sentido, porto seguro, beleza, significado e alegria. Quem obe­dece a vontade de Deus pode até não ter uma vida fácil, mas certamente terá uma vida mais santa, segura e feliz.

Até o próximo artigo, se Deus quiser! 

Rev. Azael Araújo

Pastor na Igreja Presbiteriana do Brasil em Nova Esperança

Contato: rev.azaelaraujo@gmai.com