Coluna Entre Linhas
A janelinha da porta da frente Jacilene Cruz
Nos ouvidos o barulho da boiada e o gado tão comum aos meus olhos virava entretenimento visto pela janelinha da porta da frente
O “eia” dos vaqueiros era um alerta: - Fechem a porteira!
O rebanho vinha desenfreado desembestado e às vezes entrava laranjeira adentro
Mas, o que deliciava meus olhos recém protestantes era o pecado de assistir sorrateira as festas católicas e carnais
Passeava pela estrada poeirenta sobre os ombros cansados o santo da mesma cor daqueles que o carregavam
O glorioso São Benedito que por ser negro, não foi padre... depois de morto, virou santo
Santo negro que abençoava aqueles santos homens e transformava o desterro em canção e alegria
Santo negro que trazia aos meus protestantes olhos paz Santo negro que prendia os meus olhos curiosos na janelinha da porta da frente
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São Benedito
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