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Atributos invisíveis


Por: Fernando Razente
Data: 14/03/2023
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Romanos 1.20 (a): “Porque os atributos invisíveis de Deus (...)”

 

Na semana passada, compreendemos a partir da análise do versículo 19 que Deus manifestou voluntariamente — entre a raça humana, de maneira cognoscível e dentro de certos limites — o conhecimento de Si mesmo. A minha pergunta final foi: mas que tipo de conhecimento de Si mesmo Deus manifestou ao homem? E onde? No texto de hoje, concentraremos nossa atenção no versículo 20 para obter essas respostas. Paulo começa o verso dizendo sobre a principal das manifestações divinas ao ser humano: seus atributos invisíveis.

Paulo escreve na parte “a”: “Porque os atributos invisíveis de Deus (...)” (Rm 1.20a), introduzindo o leitor de maneira mais específica à manifestação que Deus faz de Si mesmo. Mas o que são atributos? Esses atributos (??ρατα) que Paulo menciona são, segundo o Prof. Nicodemus, “(...) características que definem uma pessoa”. Ou seja, Deus como pessoa tem características próprias, como onipotência, onisciência, onipresença e qualidades.

Essas características que são próprias do Ser de Deus, Paulo diz ainda que são impossíveis de serem vistas a olho nu, como a própria estrutura do adjetivo usado sugere: aóratos, de “A” um prefixo de negação que significa "não", mais “horá?”  que significa "ver", ou seja, trata-se propriamente de algo não visto; que é invisível.

Comentando essa passagem, o exegeta protestante do séc. XVI João Calvino defende que, de fato, em sua própria natureza, Deus não é visível: “Deus é em si mesmo invisível” declarou. E, essa invisibilidade de Deus faz parte de suas características.

No entanto, temos um (aparente) problema, pois o homem, embora feito à imagem e semelhança de Deus, foi criado com um corpo, como um ser visível e seu conhecimento das coisas ao redor — como o próprio Deus — parece depender em grande parte de seus sentidos naturais. Sendo assim, uma revelação divina de características invisíveis, não seria de pouco valor ou ainda inútil ao homem? A resposta — como veremos mais adiante nos próximos textos — é não.

Ainda que Deus seja espírito invisível, Ele também foi servido de usar meios visíveis para elevar o homem ao conhecimento e a percepção espiritual (através de sua mente/alma) daquilo que é invisível e superior. Como escreveu Murray, esses meios visíveis servem para “[...] mediar para nós a percepção dos atributos invisíveis de Deus.” Sobre esses meios visíveis veremos mais adiante.

Por hora, o importante nesta primeira parte de Romanos 1.20 é notarmos três doutrinas que podem ser extraídas: 1) que Deus tem características, atributos próprios. Ele tem uma personalidade que é única; 2) que essas características são invisíveis, imperceptíveis ao olho nu ou impossíveis de serem captadas pela investigação puramente natural e empírica; e 3) que dentre as muitas coisas que Deus poderia manifestar ao homem, Ele escolheu voluntariamente fazer manifesto as suas próprias características e perfeições invisíveis.

Por fim, essa última doutrina nos ensina que, em última instância, não há conhecimento tão necessário e essencial à felicidade, alegria e ao sentido da raça humana neste mundo do que o conhecimento dos atributos invisíveis de Deus. Aqui se faz verdadeira a famosa frase da raposa de O pequeno príncipe (1943), escrito pelo francês Antoine de Saint-Exupéry (1900-1944): "L’essentiel est invisible pour les yeux [O essencial é invisível aos olhos]."

Na semana que vem, se Deus quiser, veremos quais são esses atributos invisíveis. Até a próxima. Que Deus te abençoe!

Fernando Razente

Amante de História, atuante com comunicação e mídia, leitor voraz e escritor de artigos de opinião e matérias jornalísticas.


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