A arte de escrever com sangue
Compreendo que o título desta nova exposição de ideias, soa estranho e até um tanto dramático: “como assim escrever com sangue?” Inicialmente, gostaria de esclarecer o que significa a arte de escrever. Sabidamente, deve-se levar em conta que escrever é uma habilidade artística. Um olhar o mundo e descrevê-lo de modo que ultrapassa o olhar comum. A escrita de um livro! Um livro de peso! Necessita de um dom artístico na sua construção. Na compilação dos seu tema. Na forma de arrumar as palavras e principalmente no sentimento e esforço de dar vida ao que se escreve.
Desta forma, não basta apenas a capacidade racional mecânica de escrever. Quando se retrata uma época! Quando se objetiva descrever algum acontecimento de determinado período vivenciado pelo autor! Quando se constrói o retrato escrito em palavras de uma época, com seus costumes e conflitos, não basta apenas a fria razão. Então, exerce-se a arte da escrita com sangue! De uma forma visceral que cause impacto no leitor! Que provoque indagações, encantamentos, questionamentos e provocações naquele que pratica a leitura! Não de um modo pueril ou simplório, mas que consiga deixar uma assinatura de se escrever com sangue, mantendo-se intenso e pulsante por tempos e tempos!
Não por acaso, os clássicos da literatura universal, independentemente das mudanças nos costumes sociais, mantem-se imortais, exatamente por causa da vivacidade das suas palavras escritas com sangue, deixando uma marca que não se finda, pois, o sangue das palavras escritas não resseca, mas persiste vivaz e forte.
Rogério Luís da Rocha Seixas
Rogério Luís da Rocha Seixas é Biólogo e Filósofo Docente em Filosofia, Direitos Humanos e Racismo Pesquisador do Grupo Bildung/IFPR e-mail: rogeriosrjb@gmail.com