Certa vez fui à saudosa Myra Vídeo, de Paranavaí, alugar alguns filmes e, sabendo que o proprietário se organizava para encerrar as atividades da locadora, eu disse:

- Arimateia, antes de você fechar a locadora, poderia indicar uma relação de filmes que te marcaram para que eu possa comprar?

          A minha intenção era montar o meu próprio acervo de filmes para que eu tivesse um rico manancial de consulta. E de fato na época, em 2020, eu já tinha uma boa relação de películas, em parte adquiridas na própria Myra, em parte de coleções da Folha de São Paulo. Contudo, meu amigo Arimateia me disse:

- Eu comprei filmes por muitos anos e conforme eu me interessava por algo eu adquiria. Não fui predeterminado por listas ou por desejos de outras pessoas. Daqueles livros que indicavam mil filmes para assistir antes de morrer eu não cheguei a assistir metade, mas vi muitos outros que lista nenhum contemplou.

          A lição, explícita por si só, é que cada pessoa deve trilhar o seu próprio caminho e não ter por ter, em uma saga colecionista que bem pode ser niilista. Não posso dizer que ouvi por completo os conselhos do meu amigo, até porque ele próprio sempre negociava filmes comigo, mas que a lição dele foi valiosa e que me fez refletir muito, isto com certeza fez.