A importância das crônicas
De antemão reconheço a importância de artigos científicos, densos, publicados nas melhores revistas. Da mesma forma reconheço a importância de dissertações e teses que, infelizmente, às vezes só a própria pessoa e mais três leem. Mas, o que também reconheço a importância é de um gênero ainda pouco explorado por pesquisadores, que é a escrita de crônicas em jornais sobre os mais diversos assuntos acadêmicos. Alguém poderia objetar: “mas, basta abrir a página de um portal ou folhear algum jornal que você verá vários pesquisadores”. Eu responderia: “sim, mas ainda é insuficiente, e os alunos são educados para um tipo de escrita que pouco contempla o grande público”.
Quando me refiro ao grande público essa acepção é ampla: vai desde a pessoa do povo até profissionais formados na área de quem escreve, mas que, por vários fatores, se afastaram da academia. Conheço muitos professores formados em História que há anos não conseguem pesquisar ou escrever um artigo. E isso não se dá porque eles são preguiçosos, mas sim porque são trabalhadores, com quarenta horas em sala por semana. Quem consegue escrever, pesquisar, em tais condições? Sem contar que até chegar ao serviço tais trabalhadores podem levar uma hora ou mais.
A partir do momento que eu escrevo textos curtos, mas explosivos, afinal, não é preciso falar muito para captar grandes ideias, esse tipo de texto pode contemplar um grande público. Grande no sentido de número e de importância.
Vejo como inadmissível quem está em posição de destaque na sociedade, no caso em tela, em boas universidades e institutos federais, e passa ao largo do que estou chamando de grande público. É preciso trabalhar com divulgação científica. É preciso escrever em todos os lugares.
Dr. Felipe Figueira
Felipe Figueira é doutor em Educação e pós-doutor em História. Professor de História e Pedagogia no Instituto Federal do Paraná (IFPR) Campus Paranavaí.